sábado, 31 de agosto de 2024

O amor está no ar


"Suzette ou o grande amor", do quadrinista francês Fabien Toulmé, é uma doce e divertida narrativa sobre relacionamentos amorosos e seus desafios. 

Admirador dos quadrinhos franco-belgas clássicos, como Tintin, Lucky Luke e Asterix, Toulmé nos brinda com a história de Suzette, uma senhora de 80 anos que, após ficar viúva, decide viajar para a Itália, ao lado da neta Noémie, em busca de um amor do passado.


Noémie trabalha em uma floricultura e namora com Hugo, estudante de Psicologia. Depois de seis anos de relacionamento, os dois resolvem morar juntos, mas as coisas não são tão fáceis. Então, as duas resolvem embarcar em uma viagem de Bourdeaux rumo a Portofino para tentar encontrar Francesco.

As ilustrações leves e divertidas, em tons suaves, embalam o leitor nessa viagem que aproxima ainda mais avó e neta. Duas mulheres, de gerações diferentes, ensinando uma a outra sobre as sutilezas dos relacionamentos amorosos, cada uma do seu jeito, apoiando uma a outra e entendendo os receios uma da outra. Impossível não refletir ao longo das páginas. Bela leitura! :) 

quarta-feira, 28 de agosto de 2024

Irritante

@alikailustra
– Sextou!

– Por favor, não repete essa coisa irritante!

– Que coisa irritante? O sextou?

– Abominável!

– Mas é ranzinza mesmo! O que foi, Dona Velhinha?

– Não enche! Acho uma chatice essas manias bobas, ainda mais quando todo mundo passa a falar como se fosse o máximo!

– Ahahaha... é só não falar! Não precisa ficar nervosa.

– Fico nervosa porque você sabe que eu não gosto dessas expressões que a internet ajuda a propagar e mesmo assim vem me irritar logo cedo... quer acabar com minha sexta-feira?

– Foi mais forte que eu, quando abri a janela e lembrei que é sexta e que estou de folga, o sextou saltou da minha boca dando um triplo mortal carpado, não tinha como segurar... ahahaha...

– Ele conta a piada e ri pra tentar influenciar seu público. Negativo, seu público aqui não viu graça na sua explicação.

– Mal-humorada! Relaxa um pouco, enfezadinha!

– Não sou mal-humorada, nem enfezada...

– Aborrecida?

– Dá pra parar de me irritar. Vou fazer o café...

– Pode deixar que eu faço, minha avó sempre dizia que pra fazer comida tem de estar com o coração cheio de alegria.

– Sua avó disse isso? Quando?

– Ela sempre dizia...

– Tá com cara de lenda familiar...

– Tá chamando minha avó de mula sem cabeça, cuca ou curupira?

– Ahahaha... bobo!

– Agora, sim, tá rindo... de coração leve, pode ir fazer o café!

– Como é pilantra... tentando passar as tarefas pra mim...

– Mas agora há pouco você disse que ia fazer o café... só estou lhe restituindo a função de fazedora de café oficial!

– Patife!

– Ahahaha... essa você buscou no baú da família?

– Escroque!

– Chega de falar assim comigo, sua feia, boba, cara de mamão!

– Como ele é violento... ahahaha...

– Não quero ficar aqui perdendo meu dia nessa disputa de sinônimos grosseiros com você... afinal de contas...

– AH! NÃO FALA DE NOVO ESSA PALAVRA! POR FAVOR, PRECISO ME ACALMAR PRA APROVEITAR NOSSO DIA DE FOLGA!

– A garganta tá boa logo cedo, hein? Pode baixar o tom de voz, porque é sobre isso que estou falando, desde o início, você que subiu o sarrafo do sarcasmo e eu só acompanhei.

– Que frase linda. Vai fazer o café, amor!

– Claro, querida! Mas só se você colocar os pãezinhos no forno pra aquecer, a manteiga derreter e tudo acontecer!

– Rima fácil... não está muito inspirado hoje.

– Por que será?

– Vai dizer que eu tirei sua inspiração?

– Não exatamente, mas pode ter contribuído... tá bom, não precisa fazer essa cara de quem quer me fazer engolir as palavras... ou, no caso, uma palavra específica. Vou fazer o café... o seu com creme ou torrões de açúcar?

– Ahahaha... palhaçada, desmontou meu discurso crítico... por isso, te adoro, amor!

– Eu te adoro mais... ahahaha... desculpe... sei que não gosta dessas frases de quem quer ser a última palavra sempre...

– Mas essa até você odeia, é parecida com desliga você, não desliga você... ahahaha... babaquice universal!

– Ahahaha... então, vamos pra cozinha logo, porque o dia promete novas e inúmeras oportunidades!

– Ih! Segura que lá vem as frases de autoajuda! :)

sábado, 10 de agosto de 2024

Charges e literatura infantil

Desde sempre, gosto da arte do saudoso Ziraldo, como cartunista é certeiro e, ao mesmo tempo, divertido e provocativo. “Juvenal, o bom” reúne as publicações do personagem, que começou sua história, semanalmente, no Jornal do Brasil, de meados de 1965 até 1969, quando passou a ser publicado na revista O Cruzeiro, onde o que era para ser crítica de costumes passou a ser charge política. Como o próprio Ziraldo explica na apresentação: "Os editores da velha revista custaram a descobrir as jogadas do Jeremias e, assim que o fizeram, nos mandaram embora de vez. Foi quando achei que devia registrar a passagem do personagem pelo mundo nas páginas permanentes de um livro". Claro que as charges são um reflexo do seu tempo e dos acontecimentos de um exato momento na história, mas sempre vale a pena revisitá-las, não só para nos divertir, mas, principalmente, para reverenciar a Cultura e a resistência dos artistas diante dos desmandos nos tristes anos da ditadura, inclusive, adoro a crítica e o humor da mais alta qualidade das charges políticas de Ziraldo nos tempos do Pasquim! 

Como autor infantil, pai do adorável Menino Maluquinho, Ziraldo é inspirador, com uma vasta obra que encanta crianças de todas as idades.... rsrsrs... Li, pela primeira vez, esse maluquinho faz tempo e agora resolvi reler, que coisa mais bonita e sapeca! 
Publicado, pela primeira vez, em 1980, é um dos livros de maior sucesso do autor e foi traduzido para mais de 10 idiomas, é um ícone da literatura brasileira!

Ao longo das páginas, são apresentadas todas as façanhas do pequeno, que tinha o olho maior que a barriga, fogo no rabo, vento nós pés e pernas enormes que davam pra abraçar o mundo, além de macaquinhos no sótão... rsrsrs... ele é impossível! Como é desbravador esse menino de panela na cabeça. Sem dúvida, é um símbolo da infância plena, cheia de aventuras e descobertas. Além de divertir o leitor, Ziraldo nos ensina que, na verdade, seu pequeno não era maluquinho, mas, simplesmente, um menino feliz! Concordo, criança é feita pra brincar, ser amada, correr, pular, sonhar e soltar a imaginação! Viva a infância! :)

quarta-feira, 7 de agosto de 2024

Um policial em Barcelona

Quando conheci a graphic novel "Verões felizes", com roteiro de Zidrou e ilustrações de Jordi Lafebre, fiquei encantada com o trabalho dos dois! Mas confesso que a arte me chamou muito a atenção e fui pesquisar outras obras de Lafebre. Então, encontrei a doce "Apesar de tudo" (lembrando que escrevi um texto sobre ela em maio) e adorei saber que, além de ilustrador, ele também é um grande roteirista! 

Então, quando li sobre o lançamento de "Sou o seu silêncio", a curiosidade era tanta para conferir a história que não resisti e encomendei uma edição publicada em Portugal, pela editora Arte de Autor! Uau! E posso afirmar que valeu a pena! 


Tendo como cenário Barcelona, cidade natal de Lafebre, a narrativa é sobre Eva Rojas, uma jovem psiquiatra que precisa ter sua saúde mental avaliada para poder voltar a exercer sua profissão e que, em meio a tantos problemas, descobre ter jeito para solucionar crimes.
Divertido, rico em detalhes e cheio de nuances e mistério, o roteiro apresenta personagens muito bem construídos e marcantes, como as três vozes que interagem com a protagonista... só não vou contar mais pra não estragar as surpresas!
O enredo envolvente se completa com ilustrações de uma beleza digna de aplausos. Pois é, dá pra perceber que sou fã de Lafebre, um autor completo, sensível e arrebatador, cuja arte torna qualquer leitura agradável! :)

sábado, 3 de agosto de 2024

Um clássico revisitado

Bidu, o cachorrinho azul, primeiro personagem criado por Maurício de Sousa, é figura marcante da Turma da Mônica, ao lado de seu dono, Franjinha. Já quando aparece como protagonista em suas próprias histórias, tem vários amigos e adora filosofar e pedir conselhos à Dona Pedra. Isso mesmo uma pedra que fala e ouve as divagações do Bidu. Desde os tempos em que era estrela das tirinhas de jornal, ele encanta e diverte os leitores.

Já na Graphic MSP (projeto que convida roteiristas e ilustradores a criarem histórias com os queridos personagens) "Caminhos", Eduardo Damasceno e Luís Felipe Garrocho mostram como Bidu encontrou Franjinha e vice-versa, em uma história doce, cheia de aventuras, desencontros, e desafios enfrentados pelas ruas da cidade.


Em uma narrativa sensível, com ilustrações leves, de traços delicados, "Bidu - Caminhos" mostra, acima de tudo, a beleza da amizade e o carinho que há na relação entre um cãozinho e seu dono. Ah! Agora ,deu até saudade dos companheirinhos que tive desde a infância. Cachorro é ❤ :)