quarta-feira, 18 de junho de 2025

Natureza ameaçada

– Fico impressionada com a capacidade de destruição do ser humano!

– Tá falando das guerras variadas que, infelizmente, estão acontecendo no mundo?

– Claro que as guerras todas são insanas e lamentáveis, mas eu tava pensando...

– Compartilhe seus pensamentos, amor!

– A ameaça de extinção das abelhas já me assusta, não só por serem polinizadoras de importância ímpar, mas também por nos brindarem com a delicadeza do mel, uma das maravilhas de todos os tempos!

– Ah! Realmente, mel não pode faltar em nossa casa... mas lembrei daquela abelha que você amassou outro dia... ahahaha... que relação é essa de amor e ódio, hein, querida?

– Amor pelo mel que ela produz, mas ódio não, na verdade, medo do ferrão que pode me machucar... 

– Entendi que você tá preocupada com o extermínio das abelhas, também acho isso muito sério e devia ser mais discutido pra ser evitado, mas você começou dizendo que a extinção das abelhas já te assusta, presumo que esse era só mais um agravante... prossiga.

– Adoro sua perspicácia, amor! Realmente, lembrei das abelhas porque são tão delicadas quanto...

– ... quanto o quê?

– Calma, apressado... eu tava pensando... e pensar exige tempo, reflexão.

– Nossa, fala logo, parece que vai escrever um livro de autoajuda... socorro... você sabe que prefiro outro tipo de literatura... ahahaha...

– Você tem certeza que quer continuar conversando, como adultos que somos, pelo menos no RG?

– Ahahaha... adoro suas ironias, mas chega de interromper seu pensamento... fala logo, amor... além da situação das abelhas, o que te aflige?

– Tava lendo aleatoriamente e me deparei com uma notícia triste... os vagalumes estão desaparecendo do planeta... por causa da mania do ser humano de arruinar o meio ambiente!

– Peraí, mas os vagalumes também estão em extinção?

– Sim! As principais ameaças são perda de habitat, uso de pesticidas e o excesso de luz artificial. Pra diminuir esse risco, a primeira coisa a fazer é a conservação das áreas naturais e aí é que tá o problema... as áreas verdes são devastadas frequentemente, dá até medo que daqui a pouco não tenha nem o que conservar.

– Não fala assim, amor! Mas que coisa... os vagalumes ameaçados... é muito triste pensar que podem desaparecer. Eles me lembra a infância,  a gente ia no quintal à noite ficar vendo as luzinhas...

– Ah! Tão lindos com aquela luz brilhando nas bundinhas! Eles também me lembram da infância... os quintais eram tão mais poéticos... desafiadores!

– Hoje, nem se tem mais quintais... e quando tem é tudo azulejado, tem criança que nem sabe o que é terra!

– Prefiro nem comentar! Voltando aos vagalumes... ah... eles são polinizadores e predadores naturais de pragas agrícolas... ou seja, colaboram para o equilíbrio ecológico!

– É revoltante, eles tem valor e deveriam ser mais respeitados! É uma falta de humanidade acabar assim com os bichinhos!

– Vagalumes e abelhas em extinção. Como ficamos nós, seres humanos sensíveis, em meio a tanta tecnologia, desamor e egoísmo?

– É difícil, amor! Somos do time dos encantados pelas delicadezas e sutilezas da Natureza!

– Que lindo, meu polinizador preferido!

– Opa... acabou o momento reflexão? Então, vem pra cá, minha doce abelhinha! :)

sábado, 14 de junho de 2025

Um belo conto de Tolkien

Estava eu em uma feira do livro, quando um exemplar de "Ferreiro do Bosque Maior" me chamou a atenção especialmente por ser de J. R. R. Tolkien... nem quis ler a quarta capa pra saber do que se tratava, pra mim, bastava ser do autor de "O Hobbit", que adoro! Tinha certeza que seria uma leitura agradável e instigante como suas melhores fantasias!

Último conto de Tolkien, a obra é uma delicadeza! Com ilustrações de Pauline Baynes, a história se passa em Bosque Maior, uma vila conhecida pela tradicional Festividade das Boas Crianças, celebrada a cada 24 anos. O ponto alto da festa é o Grande Bolo, dividido entre 24 crianças convidadas. Desta vez, uma das fatias trazia uma estrela mágica que levou Ferreirinha, o menino premiado, a conhecer os encantos e os perigos de Feéria, o Reino das Fadas. Ao longo de sua vida, Ferreirinha manteve as andanças por Feéria e foi se familiarizando com seus recantos e mistérios. 

Como sempre, o autor nos dá a oportunidade de mergulhar em uma viagem, ao mesmo tempo, encantadora e reflexiva... uma boa oportunidade para esquecer um pouco as mazelas do mundo real. Viva Tolkien, sua obra repleta de fantasia e sua habilidade em nos lembrar que se soubermos apreciar as coisas simples da vida vamos perceber que é nelas que mora a verdadeira beleza. :) 

quarta-feira, 11 de junho de 2025

No reino de Shandramabad

"A Rainha dos insetos" é mais uma grafic novel com roteiro do querido belga Zidrou (de "Verões Felizes", "A baleia biblioteca" e etc.), com arte do francês Paul Salomone.

No reino de Shandramabad, a narrativa começa com a morte do rei durante uma caçada, deixando a rainha Shikara, grávida de gêmeos. A partir daí, ela passa a dedicar todo seu amor aos filhos Jalna e Gorakh. Nas vésperas de completarem 14 anos, a rainha os presenteia com um casal de exuberantes pássaros-vulcão! O que Shikara não imaginava é que essa ave fosse causar tanta dor. Encantado com o presente, o curioso Gorakh solta a ave para apreciar seu voo, mas empolga-se e tem uma queda fatal da janela do palácio.

A rainha fica desconsolada e sua ira transforma o reino e a vida da filha, que tenta resistir à autoridade cada vez mais insana da mãe. Em meio ao caos, Jalna tem seu destino mudado quando conhece o ladrão Akbar... então, a história ganha novos rumos, mas vou parar porque o Zidrou conta melhor... rsrsrs... 

Só não posso deixar de falar da beleza da arte de Salomone, com cenários, figurinos e personagens inspirados na cultura indiana, que nos leva, ao longo das páginas, por uma viagem de encantamento. É uma ótima pedida pra quem gosta de mergulhar no universo dos contos fabulosos. Viva a genialidade de Zidrou, que além de escrever ótimos roteiros, sabe sempre escolher os melhores parceiros/ilustradores! :)

sábado, 7 de junho de 2025

Sabino em dose dupla

Por esses dias, mergulhei nas divertidas mineirices de Fernando Sabino. Comecei lendo a coletânea "O homem nu". Em seus quarenta contos e crônicas reunidos nesta edição, o autor nos surpreende nas diversas situações em que mostra as sutilezas da natureza humana. Uma leitura fluida recheada de humor, sensibilidade e pitadas de ironia! 

O conto que dá título à coletânea é o destaque... um homem, que está em sua casa, numa manhã comum, se despe pra tomar banho e enquanto espera a mulher sair do banheiro, resolve fazer um café... e pegar o pão na porta de serviço e eis que um vento, sabe-se lá se noroeste... resolve deixá-lo em uma situação nada agradável... rsrsrs... vou parar de contar, mas recomendo esta obra de Sabino pra quem quer uma leitura leve e aconchegante!



Em seguida, embarquei em "O grande mentecapto", que narra as aventuras e desventuras de Geraldo Viramundo numa verdadeira saga pelas cidades mineiras. Acompanhamos Viramundo desde criança e ao longo de sua vida, um personagem muito bem construído, generoso e absurdamente destemido em sua inocência infinita.

A história é envolvente, ora hilariante, ora emocionante... e quando percebemos, estamos torcendo por Viramundo, o menino nascido em Rio Acima, que resolve ganhar o mundo, no caso Minas Gerais, indo de cidade em cidade, vivendo situações inusitadas e surpreendentes. Viva Sabino! Aplausos à inventividade dos escritores brasileiros! :)

quarta-feira, 4 de junho de 2025

Pinhão é afeto

Junho chega trazendo belos dias friozinhos e as queridas festas juninas com suas bandeirinhas, quadrilha, barraca da pesca... e suas adoráveis guloseimas: pamonha, curau, bolo de milho, canjica, arroz doce, maçã do amor, milho cozido, cuscuz paulista (adoro)... mas, sinceramente, pinhão é o meu preferido!


Nessa época do ano, quando vou ao mercado, ainda que esteja apressada, o pinhão sempre me chama a atenção e, charmoso, me convence, na hora, a comprá-lo! 

Gosto de cozinhar um bom punhado e saborear ainda quente, quietinha em casa, enquanto leio, escrevo ou, simplesmente, descanso! Parafraseando a canção: um dia frio, um bom sofá pra ler um livro e um pratinho cheio de pinhão... ahahaha... isso é que é poesia gastronômica!

Tudo bem que descascar pinhão pode não ser muito fácil, até dá um certo trabalho, mas comer é tão bom que compensa qualquer unha lascada... ahahaha...

Existem comidas que são afetivas e, pra mim, assim como café com bolo, pinhão também é aconchego e quando esse mês chega tento manter a tradição de comer o acepipe ao menos uma vez!

Claro que o ambiente costuma ser agradável, as brincadeiras encantadoras, as quadrilhas divertidas, o clima acolhedor, mas se tem pinhão, faço minha própria festa junina... rsrsrs... Viva Santo Antônio, São João e São Pedro! Viva nossos arraiás! :)