quarta-feira, 16 de junho de 2021
Uma espécie de Quixote!
Em "Triste fim de Policarpo Quaresma", de Lima Barreto, o protagonista é um patriota fervoroso que ama o Brasil, luta pela valorização da cultura nacional e sonha com um país mais acolhedor, onde houvesse fartura para todos. A leitura é uma viagem pelos primeiros anos da República, a temática é absolutamente atual. Irônico e certeiro, o autor nos brinda com uma contundente denúncia social. O que me chamou a atenção foi a descrição do subúrbio, no caso do Rio de Janeiro, os diferentes tipos de casas, as ruas e vielas e até sobre o calçamento ou a falta dele, como nesse trecho: "Os cuidados municipais também são variáveis e caprichosos. Às vezes, nas ruas, há passeios em certas partes e em outras não, algumas vias de comunicação são calçadas e outras da mesma importância estão ainda em estado de natureza"... coisa que nas periferias brasileiras ainda acontece, mesmo em pleno século XXI. A narrativa é recheada de detalhes que nos faz viajar pelos cenários, os personagens são muito bem construídos, como Ricardo Coração dos Outros, professor de violão e um dos únicos amigos de Quaresma, que também sofre com a falta de afeto e amor no mundo. Agora, preciso dizer que Policarpo Quaresma me conquistou por sua personalidade sonhadora, lembrando meu querido Dom Quixote (Miguel de Cervantes), que lutou incansavelmente pela valorização das coisas brasileiras, e na sua ilusão propôs tornar o Tupi língua oficial do País, tentou ser agricultor para mostrar ao povo como explorar a terra de forma saudável e em determinado momento, cansado de sua luta inglória, perguntou-se onde estava a doçura de nossa gente. Boa pergunta, Quaresma! Enfim, existem muitas reflexões que a obra nos propõe. Leitura mais do que necessária! Viva a Literatura Brasileira! :)
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