– Quer um pedaço de pudim de pão?Silêncio. Nenhuma resposta e a paciência dela se esgotando.
– Vou perguntar mais uma vez, só que vou subir o tom de voz... QUER UM PEDAÇO DE PUDIM DE PÃO?
– Mas o que é isso? Você sempre me desconcentrando...
– Sem problemas, vou voltar pra cozinha e me servir sozinha!
– Não! Depois de me provocar com pedaços de alegria como as fatias de seu pudim de pão, vai me deixar aqui chupando o dedo?
– Que eu saiba você estava concentrado jogando videogame, mas se preferir pode chupar o dedo... você tem 10 opções nas mãos... e se o alongamento estiver em dia, tem mais 10 nos pés... fique à vontade!
– Como você é cruel, hein!?
– Vamos fazer o seguinte... vou sair e quando eu retornar, você, por favor, me receba com júbilo nesse sagrado recinto.
– Com o quê?
– Ah... esquece! Só me receba com animação!
Ela sai, fecha a porta devagar, fica no corredor durante cinco minutos, contados no relógio, e abre a porta novamente com os olhos brilhando.
– Oi... tudo bem? Aceita um pedaço de pudim de pão?
Com um enorme sorriso no rosto e modulando a voz como em um filme musical, ele aceita o pedaço do acepipe.
– Claro! Adoraria saborear uma fatia de alegria com você, querida!
– Que ótimo! Já coloquei a mesa para nosso lanche rápido.
– Ah! Mas precisa ser na mesa? Pensei que ia... está bem... vamos à mesa... só espere...
Ela olha com desaprovação, como se estivesse lidando com um aluno irresponsável que precisasse tomar advertência.
– ... está bem! Já estou indo, o que eu estava fazendo não tem a menor importância diante de estar em sua companhia saboreando seu pudim de pão!
– Então, vamos!
Ele olha para a tela do videogame com um ar de quem está perdendo algo precioso. Enquanto ela o espera no corredor irritada, mas se esforçando para manter o rosto sóbrio.
– Ah! Só mais uma coisa, querido, não leve o celular para nosso lanche furtivo!
– Lanche o quê?
– Está na hora de parar um pouco com o videogame e quem sabe...
– ... ler um pouco! Não seja injusta, adoro ler, só que...
– ... só que, ultimamente, quando tem um minuto de folga, já mergulha nesses jogos do cacete!
– Ué? Quando acabou a necessidade de usarmos palavras bonitas como as saídas dos romances do século 19?
– Quando você me fez perder a paciência mais uma vez, querido!
Ele a abraça rindo e os dois seguem para a sala de jantar.
– Também te amo! :)