quarta-feira, 27 de agosto de 2025

Releitura de um grande clássico

Quando vi pela primeira vez a graphic novel "Jane", da roteirista estreante nos quadrinhos, Aline Brosh McKenna, e do ilustrador Ramón K. Pérez, fiquei muito curiosa só de saber que era uma releitura do grande clássico "Jane Eyre", da escritora inglesa Charlotte Brontë.

Gosto muito do livro, inclusive, escrevi sobre ele aqui, em 2021, num texto em que falei de obras das três irmãs Brontë. Mas voltando à HQ, ela conta a história de Jane, uma jovem que perde os pais e, por ser desprezada por parentes, resolve ir viver em Nova York, onde estuda desenho e para se sustentar arruma emprego de babá de Adele, a filha de Edward Rochester, um executivo poderoso e cheio de mistérios.

Por ser admiradora da obra-prima de Charlotte Brontë, li com o maior carinho e respeito, mas, sinceramente, o que mais me agradou foi a arte. O ilustrador usa diversas técnicas para nos contar as várias fases da protagonista, no início, as dificuldades são representadas em P&B; quando ela conhece a criança, tudo fica mais colorido e alegre; quando Jane sonha acordada, os traços se tornam mais delicados... mas não vou contar mais detalhes.

Assim como a roteirista dedica a obra à Charlotte Brontë, considero que ler essa HQ também é uma forma de homenagear a autora de um dos maiores clássicos do século XIX, que marcou a Literatura e continua inspirando gerações de artistas e de leitores! Viva as HQs! Salve as escritoras! :)

sábado, 23 de agosto de 2025

Uma metralhadora de recomendações

Ilustração: Eduardo Arruda
– Quando vi, no parque, uma mulher bombardeando os filhos de recomendações sobre como brincar no balanço, lembrei da... ahahaha... não faz essa cara que eu não aguento... ahahaha...

– Nem fala o nome pra não dar ideia pro Universo... ahahaha...

– Ahahaha... tá bom, só ia dizer que lembrei do dia em que ela me convidou pra passar a tarde na piscina! Pensei que seria uma tarde agradável e divertida...

– Pelo jeito, imagino que não tenha sido uma experiência muito instigante!

– Engraçadinho, se continuar me ironizando não conto mais nada!

– Calma, amor! Não seja cruel, conta logo... eu sei que você quer compartilhar...

– Tá bom... foi um festival de orientações e alertas... ahahaha... Quando cheguei, tirei os chinelos e ela logo disparou: "cuidado com o piso quente, o Sol está a pino, fique sentada na canga pra não queimar a bunda, agora, mergulhe os pés na água... assim... mas, por favor, não bata os pés que vai me molhar toda e molhar em volta da piscina... o que é muito perigoso... alguém pode escorregar"...

 E você conseguiu falar alguma coisa?

De que jeito? Ela é uma metralhadora de recomendações... ahahaha...

Ahahaha... pelo menos, você se diverte... bela definição da criatura.

Pois é, mas na hora é uma tensão, só dias depois consigo me divertir com as sandices dela.

– Mas, em resumo, você chegou a entrar na piscina?

– Não! Na hora que eu falei que ia dar um mergulho, ela me cortou dizendo: não faça isso, vai ter um choque térmico, o calor está muito forte e a água geladérrima!

– Mas pra que existe piscina se não é pra refrescar?

– Pois é, tentei explicar que costumo primeiro colocar os pés para ir acostumando e só depois mergulho, mas não consegui convencê-la. Fiquei longos minutos só com os pés na água e, claro, sem mexer muito pra não molhar tudo... ahahaha...

– Mas que sem noção, será que ela mergulha?

– Disse que só no alto verão!

– Ela nem devia ter piscina em casa! 

– Se é complicada no calor... imagina no frio!

– É verdade, ela tinha uma casa no campo também...

– ... que já tive o prazer de conhecer! Mas vou contar no estilo dela: sentamos no chão perto da lareira, pra tomar o que achei que seria um belo café da tarde e eis que ela: "vou te pedir uma coisa, cuidado com as migalhas do pão no tapete, além de sujar podem te ferir, uma vez minha avó se cortou com uma casca de pão que alguém descuidado deixou cair no chão, foi uma correria, acabou com a festa. Mas não se preocupe, esse pão de leite não tem casca... no entanto, pode sujar o chão. Isso pegue a xícara, beba um gole de café com leite e, em seguida, morda um pedaço de pão, ajuda na mastigação... nem olhe para o bolo, depois você come, quando terminar o pão... já terminou? Então, pegue um pedaço do bolo, claro, use o guardanapo, ele é bem molhadinho, pode sujar sua mão que, consequentemente, poderá sujar sua roupa ou, pior ainda, sujar a toalha de linho, bordada por minha tataravó... como você pode ver, é uma joia de família e deve ser respeitada. Está gostando? Você está tão quieta... não está acostumada com tantas coisas deliciosas no café da tarde... entendo... mas não se intimide... depois podemos jogar dominó... ou ir no balanço sentir a brisa no rosto"... Sem brincadeira, perdi a paciência, levantei e saí dizendo que ia ao banheiro... ela deve estar me esperando até hoje! E já faz um bom tempo...  

– Tô impressionado... como você não perdeu o fôlego contando essa história!

– Foi uma homenagem a ela e seus bombardeios verbais!

– Ahahaha... posso te perguntar uma coisa?

– Pode, mas sem ironias... pergunte!

– Por que você é amiga dessa pessoa cheia de manias?

– Ahahaha... parece letra de pagode... Ah! Sei lá, quando a gente se conheceu na escola, ela me defendia...

– ... defendia de quem, amor?

– Nas brigas na hora do recreio...

– Ahahaha... nossa, mas você brigava no recreio?

– Eu não, mas sempre tinha umas monstras que queriam me bater... sabe como é, bonita, inteligente...

– ... humilde... ahahaha...

– Tô brincando, bobo! Na verdade, ninguém queria ser amiga dela, porque era mandona e irritava todo mundo... ahahaha... achei chato deixá-la sozinha, então, resolvi introduzi-la na turma!

– Uau! Bonita, humilde e magnânima... ahahaha... essa é minha garota! 

– Ahahaha... perspicaz, astuto e charmoso... este é meu garoto!

– Vem cá... agora, só quero bombardeios de carinho!

– Uau! :)


* A tirinha que ilustra esta crônica é do quadrinista e ilustrador Eduardo Arruda (@eduardobarruda), que, gentilmente, autorizou que eu publicasse sua arte aqui em meu querido blog! Obrigada e parabéns pelo trabalho! 😉 

quarta-feira, 20 de agosto de 2025

Mezzo diversão, mezzo emoção!

A comédia italiana "Faz de conta que é Paris" é um aconchego! Ela narra a história de três irmãos que, depois de cinco anos afastados, se reencontram para satisfazer o último desejo do pai: viajar todos juntos para Paris! 
Dirigido e protagonizado por Leonardo Pieraccioni, que interpreta Bernardo, irmão de Ivana (Giulia Bevilacqua) e Giovanna (Chiara Francini), o filme tem momentos bastante divertidos e outros tensos, afinal, entre eles e o pai Arnaldo Cannistraci (Nino Frassica) há muita mágoa e problemas de relacionamento, que, aos poucos, vão sendo resolvidos ou, pelo menos, amainados.

A viagem de trailler, na verdade, acontece no haras de Bernardo, no interior da Toscana e, com a ajuda de conhecidos, os irmãos vão construindo cenários inusitados de uma Paris genérica para agradar o pai, que quase não enxerga, o que torna a tarefa mais fácil na medida do possível.

Preciso dizer que adoro comédias italianas e essa veio na hora certa! Estava precisando de algo afetuoso e, ao mesmo tempo, divertido! Gosto da forma como os conflitos são apresentados. A interpretação natural dos atores e a beleza da língua italiana são encantadoras, um prato cheio pra quem, como eu, adora a Itália e também as doces luzes de Paris!

Algumas situações são hilárias e os personagens secundários, muito bem construídos, enriquecem a trama, como os vizinhos, mãe e filho, que se incomodam com o tal trailer dando voltas no haras, os policiais, o ex-funcionário da universidade onde o pai dava aulas que encontra a família num restaurante... sem contar o flasback com a mãe, enfim, não vou detalhar as cenas, pois vale muito a pena assistir e ter suas próprias experiências!

A fotografia é agradável, o longa é de uma simplicidade que nos abraça... o roteiro, ágil e profundo, nos presenteia com ironia, drama e leveza na medida certa, ora nos levando às gargalhadas, ora nos emocionando e nos levando à reflexão. Ah! É uma doce e tradicional comédia italiana: divertida e emocionante... come noi... :)

quarta-feira, 13 de agosto de 2025

Um doce violeiro...

A Graphic MSP "Viola" sobre o personagem Chico Bento, terceira assinada pelo cartunista, quadrinista, chargista e ilustrador Orlandeli, é de uma poesia que nos acalma e aconchega! Esta é a primeira que leio, não que as anteriores não tenham me chamado a atenção, mas acho que essa me conquistou pela delicadeza do tema. Chico descobre que seu avô Firmino, que não chegou a conhecer, era um violeiro de mão cheia! 
A partir daí, o menino herda a viola e passa a se interessar pela história do avô e descobre que a música está no sangue da família, pois seu pai também é um grande violeiro.

A sensibilidade da narrativa e o traço refinado do autor encantam! Com sua simplicidade, Chico nos envolve em uma história repleta de beleza e emoção, mostrando sua conexão, por meio da música, com o avô e o pai, três gerações unidos pela viola! A ilustração é um caso à parte, com cores suaves, Orlandeli nos apresenta a beleza do campo em suas diversas nuances. Todos os personagens são bem construídos e decisivos na trama! Temos aqui um Chico Bento e sua turma cativantes como sempre! Viva a clássica e tradicional moda de viola! :)

sábado, 9 de agosto de 2025

Um lugar feito de música

Ler "100 discos para conhecer Aguardela", com roteiro de Daniel Lopes (um dos Pipoca & Nanquim) e Raphael Salimena (que também é responsável pela arte) foi uma experiência duplamente agradável e instigante! Primeiro, por ser em formato de LP, o que já é uma satisfação! E, segundo, por ter me feito lembrar, anos atrás, quando eu sentava em um pufe, ao lado do aparelho de som, e passava as manhãs de domingo ouvindo um disco atrás do outro... de MPB, rock, pop... que diversão! Inspiração no mais alto grau! 

A obra é uma coletânea de discos que conta a história de um instigante recanto chamado Aguardela, que, em 1950, com a chegada da cantora Dorinha, se transforma em um polo de música, encantando e influenciando gerações! Em uma jornada de 1950 a 2000, o leitor viaja pelos vários gêneros musicais e, por meio das capas e contracapas dos LPs, conhece os artistas, a cultura e os segredos e os encantos de Aguardela!


Para quem gosta de música (será que tem quem não goste?), é uma ótima oportunidade de descobrir novos sons, bandas e artistas, que embora fictícios, parecem reais pela força e beleza. 

Viva a música em todas as suas vertentes... porque, como diria Nietzsche, "sem a música, a vida seria um erro"! Viva a Cultura! :)

quarta-feira, 30 de julho de 2025

Um quarteto simpático

Ir ao cinema é sempre uma experiência encantadora... pra mim, um ritual... quando sento na poltrona, as luzes se apagam e a tela se mostra majestosa, deixo o mundo lá fora e durante pouco mais de duas horas, mergulho na história, por isso mesmo sempre escolho muito bem o que vou assistir!

Desta vez, o que me levou à sala escura foi a curiosidade de conferir esse adorável Quarteto Fantástico, criado por Stan Lee e Jack Kirby, e que me fez lembrar do desenho animado, que assistia quando criança na TV... ah... deixa pra lá... ahahaha...

Voltando ao filme da Marvel, Quarteto Fantástico - Primeiros Passos... simplesmente, adorei! Gosto muito dos personagens, bem construídos, leves e ao mesmo tempo densos! A agradável fotografia é um destaque, com suas cores vivas, remete às histórias em quadrinhos e à arte de Kirby!

Os quatro personagens são ótimos e, realmente, formam um quarteto irretocável: Reed Richards (Senhor Fantástico), Susan Storm (Mulher Invisível), Jonathan "Johnny" Storm (Tocha Humana) e Ben Grimm (O Coisa)... não posso deixar de elogiar o elenco que dá vida a esses simpáticos heróis... Pedro Pascal, Vanessa Kirby, Joseph Quinn e Ebon Moss-Bachrach... que nos conquistam desde a primeira cena, com muita ação, pitadas de humanidade e humor na medida certa! 

É muito facil torcer por eles, não só nas cenas de ação em que estão salvando o mundo, mas também nos momentos em família, resolvendo tarefas do dia a dia... sem contar com o charme do robô Herbie cozinhando com Ben ou sendo babá de Franklin, filhinho de Reed e Sue. É encantador como os quatro combinam e se entendem até quando se desentendem... rsrsrs... caso de Johnny e Ben! Por falar em encantador, a cena em que Franklin salva a vida de sua mãe é uma das mais emocionantes e mostra que o pequeno tá longe de ser apenas um bebezinho! 

Ah! É o tipo de filme que diverte e emociona... saí do cinema bastante animada! Nada como super-heróis simpáticos pra nos inspirar num sábado à tarde! Se fizerem com o mesmo capricho, aceito uma sequência... rsrsrs... Gostei e recomendo! :)

sábado, 26 de julho de 2025

A arte de criar histórias

Escrever é sempre bom, mas escrever ficção, criar personagens e vê-los crescendo e se tornando independentes é encantador, porque os personagens são como filhos, que a gente lança no mundo, cuida, acolhe, incentiva suas descobertas e quando vê eles estão dizendo o que pretendem da vida, no caso dos personagens, o rumo da história!

Sempre gostei de escrever e de ter uma caneta e um caderninho por perto... afinal, as ideias não gostam de esperar, quando não temos onde registrá-las, as danadas desaparecem.

Mesmo adorando anotar minhas ideias no tradicional e querido papel, quando criança, o primeiro contato que tive com uma máquina de escrever foi arrebatador! Era uma portátil, muito lindinha, cor de laranja... ela me instigava a escrever, mas eu não podia usar muito, pois a preferência era do meu saudoso irmão mais velho, que à época já estava na faculdade.

Mais tarde usei muito essa máquina e lembro dela com carinho até hoje. Curiosamente, há pouco tempo, fui visitar um amigo que tem uma igualzinha como decoração... que linda! Se pudesse, teria aquela da infância comigo só pra lembrar da Gi menininha querendo escrever histórias...

O barulho das teclas de uma máquina de escrever é sem igual, digitar no computador pode até ser mais cômodo, quebrar menos unhas, mas nada como ser provocada pelo barulhinho das teclas e o sininho avisando que está na hora de mover a alavanca de avanço para mudar de linha e continuar a escrever! Agora, chega de falar da máquina, vamos voltar ao tema central, porque estou digitando e computador adora dar pau quando se sente preterido ou quer simplesmente nos lascar... rsrsrs...

Falei tudo isso para registrar que ontem foi Dia Nacional do(a) Escritor(a)! Uma data que gosto muito de comemorar, primeiro, porque adoro os escritores, sou uma leitora assídua... adoro Literatura brasileira e de tudo que é país, desde que me conquiste e me encante! Os escritores nos proporcionam viajar por diversos lugares fictícios ou reais e nos apresentam a milhares de personagens que nos fazem companhia durante a leitura! Admiro inúmeros nacionais... como os Verissimo (Érico, pai, e Luis Fernando, filho), Machado de Assis, Mário Quintana, Carlos Drummond de Andrade, Chico Buarque, Fernando Sabino, Zélia Gattai, Clarice Lispector, Plínio Marcos, Nelson Rodrigues... e outros tantos!

Em segundo lugar, gosto de comemorar esta data por ter, humildemente, publicado três romances de forma independente, fico feliz em ter tentado entrar pra turma dos que criam histórias! Escrever, pra mim, é uma necessidade, por isso publico duas vezes por semana aqui em meu doce blog! Criar personagens é instigante e adorável... ter meus personagens por companhia é acolhedor! Viva a Literatura Nacional! :)

* Na foto que ilustra esta doce crônica, meus queridos três livros/filhos... "Procurando Sophia", "Infância, o recreio da vida" e "Correndo por aí" ❤️ ❤️ ❤️