Jovem arquiteta, mas já respeitada no mercado, ganhou
um dia de folga antes de começar seu primeiro grande projeto, um novo espaço
cultural. Tenta conter a euforia, afinal, precisa de concentração e pés no
chão. A caminhada é a forma que encontrou para manter o equilíbrio!
Naquela manhã, o parque está especialmente iluminado e
os passarinhos inspirados em sua cantoria. Aos poucos, Lia aumenta o ritmo da
caminhada, enquanto pensa na vida, em suas conquistas profissionais e nas
reuniões infinitas que terá pela frente, mesmo assim é só satisfação.
Depois de mais uma volta completada, ela diminui o
ritmo e passa por duas velhinhas. Uma delas dizia que tal pessoa devia parar de
se preocupar com bobagem, porque “a vida passa e a gente nem vê”. A frase a faz
estremecer. Foi como se uma luz de alerta acendesse na frente de Lia. E um
pensamento começou a martela sua cabeça: o que será que estou fazendo de minha
vida?
Voltando a caminhar, agora, quase se arrastando, Lia tenta
rever seu cotidiano e constata que tem trabalhado demais e só trabalhado, quase
não consegue ver seus pais e menos ainda seus avós. Ainda atordoada pelos
pensamentos, ela é alcançada mais uma vez pelas velhinhas, que sem a menor
cerimônia disparam: “o que foi, menina? Descobrir que a vida passa e a gente
não vê foi tão surpreendente assim”? “Aproveita esse momento de lucidez e vai
viver... porque como dizia o poeta, o tempo não para”.
As velhinhas se afastam e como se a vida a
chacoalhasse, Lia cai sentada em um banco e fica ali... pensando alto: “é
isso... há quanto tempo não fico assim sentindo o vento no rosto, há quanto
tempo não dou uma risada descontraída? Pois é, preciso aprender a diferença
entre perder e ganhar tempo... antes que a vida passe por mim!
Nenhum comentário:
Postar um comentário