Com uma maneira agradável e, ao mesmo tempo, profunda de escrever, o autor nos conta a história de Pereira, um solitário viúvo de meia-idade, jornalista responsável pela editoria de Cultura de um jornal modesto na Lisboa de 1938, em plena ditadura salazarista, em uma Europa assombrada também pela guerra civil espanhola e a ascensão do nazismo na Alemanha.
Adorei a nota que abre o livro, em que o autor conta quando um português chamado Pereira lhe visitou em uma certa noite: "Naquela época não tinha traços definidos, era algo vago, fugidio e indistinto, mas já tinha vontade de ser protagonista de um livro. Era apenas um personagem à procura de um autor". Fui arrebatada logo de cara, até porque acredito muito que os personagens estão por aí querendo nos contar suas histórias, por isso, estou sempre atenta... rsrsrs...
O que poderia ser uma obra sisuda e pesada mostra-se em vários momentos divertidos de Pereira em meio a limonadas, omeletes, conversas com o retrato da esposa falecida e nos impagáveis encontros com seu amigo padre. Quando conhece um rapaz, que contrata para trabalhar como estagiário, o jornalista começa a questionar seus próprios valores e posicionamentos.
Mesmo assim, insisto que ler o livro antes torna a HQ ainda mais bonita e fluida, tão necessária quanto a obra do italiano.
Ao ler a narrativa de Tabucci, nos sentimos em Lisboa, mesmo sem nunca ter estado lá. Quando lemos a HQ, podemos visualizar tudo o que imaginamos nas páginas do livro.
Vale muito a pena prestigiar o autor italiano e o quadrinista francês que contam, magistralmente, um pouco da história de Portugal!
É um belo encontro entre a Literatura e a História em Quadrinhos! :)
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