O autor conta a história de dois vizinhos, o artesão Itaro e o oleiro Saburo, no Japão antigo. Enfrentando todo tipo de dificuldades, os dois consideram-se inimigos, o que torna essa relação ainda mais difícil.
Saburo, que morava com a esposa Fuyu, cultivava há tempos flores na orla da montanha... sua intenção era que o jardim funcionasse "como escola de modos, uma lição de ternura e respeito que ensinaria a todas as fomes a importância de respeitar a vida das pessoas". Mesmo assim se tornou viúvo de maneira trágica.
Itaro, por sua vez, morava com a irmã mais nova, Matsu, e a criada, senhora Kame. Ele pintava leques e aprendera a arte com o pai. "O artesão era um cúmplice da natureza, um certo intérprete. Como se avivasse a memória antiga à coisa inerte. O gesto precisava ser único, sem repetição, para que a obra comparecesse na espontaneidade possível. Os crisântemos, explicava o pai, devem nascer de verdade no calmo papel de arroz. Mais do que pintar, os artesãos semeiam. Declarava solenemente. Semeia as flores no papel, filho. Lavra".
Apenas nesses dois trechos, percebemos a delicadeza crua desses dois homens, como o próprio título diz, imprudentemente poéticos! Ao longo das páginas, o autor joga luz às profundezas do ser humano, suas alegrias, tristezas, traumas, medos!
Concordo com Laurentino Gomes, que escreve o prefácio, acima de tudo, a obra tem conteúdo profundamente humano. E vale a pena ser lida com calma e reflexão! Viva a literatura em língua portuguesa! Salve a sensibilidade de Valter Hugo Mãe! :)