A narrativa é permeada pela fantasia, com pitadas de poesia que torna a leitura envolvente e, ao mesmo tempo, inquietante. Alguns trechos são encantadores, como: "A cozinha me transporta para distantes doçuras. Como se no embaçado dos seus vapores, se fabricasse não o alimento, mas o próprio tempo. Foi naquele chão que inventei brinquedo e rabisquei os meus primeiros desenhos. Ali escutei falas e risos, ondulações de vestidos. Naquele lugar recebi os temperos do meu crescer".
A maneira poética de falar sobre a cozinha nos aproxima dos personagens. Nos identificamos, porque este cômodo da casa também no Brasil e em qualquer parte do mundo costuma ser lugar de encontros, conversas e lembranças da família!
Outro trecho que destaco é quando Marianinho chega à casa de seu pai Fulano Malta: "Em Luar-do-Chão não se bate à porta, por respeito. Quem bate à porta já entrou. E já entrou nesse espaço privado que é o quintal, o recinto mais íntimo de qualquer casa. Por isso, à entrada do quintal de meu pai eu bato palmas e grito: - Dá licença?". Isso me lembrou a infância, quando morávamos em casa e as palmas no portão eram o sinal de que chegavam visitas. Todo quintal, toda casa devem ser respeitados!
Além de falar das tradições do lugar, o autor aborda ainda os conflitos que o progresso traz ao meio ambiente, ou seja, um livro para refletir. Viva a Literatura em Língua Portuguesa! :)
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