sábado, 15 de março de 2025

Um legítimo produto cultural brasileiro

Entre as inúmeras entrevistas que a Fernanda Torres deu durante a campanha de "Ainda estou aqui" rumo ao Oscar, me chamou a atenção a que ela fala da importância cultural das telenovelas brasileiras: "Novelas nos viciaram em nós mesmos, ajudaram o Brasil a não ser tão colonizado por culturas estrangeiras... Temos autores muito bons, principalmente, ali na década de 80, tínhamos novelas espetaculares. E elas ensinaram o povo brasileiro a se assistir em português"! 

Aí fiquei pensando, cresci assistindo novelas e desde sempre admirava seus autores. Adorava as novelas das 19h, divertidas como "Guerra dos Sexos", de Sílvio de Abreu, e "Vereda Tropical", de Carlos Lombardi, e a incrível "Que rei sou eu?", de Cassiano Gabus Mendes, que criou personagens inesquecíveis, interpretados por grandes atores, em uma trama que mesclava humor e crítica social e política... na minha opinião, uma mais marcantes e inovadoras novelas de todos os tempos! Salve o Reino de Avilan... rsrsrs

Claro que as novelas das 20h (que, hoje, passam sei lá que horas... rsrsrs... faz tempo que não assisto) também eram ótimas e contavam com autores brilhantes, como Manuel Carlos, Benedito Ruy Barbosa, Dias Gomes, Janete Clair, Gilberto Braga, Walter Negrão, que nos emocionaram, divertiram e inspiraram! Mas, sinceramente, as chamadas novelas de época, das 18h, sempre me conquistaram, algumas por flertarem com a Literatura, outras por retratarem histórias simples e, por isso, adoráveis... minhas preferidas e mais batutas são as que se passam nas décadas de 1950 e 1960, adoro as músicas, cenários e tramas envolventes, como, por exemplo, "Estúpido Cupido" (Mario Prata), e "Bambolê" (Daniel Más, com colaboração de Ana Maria Moretzsohn).

Confesso que, ao longo dos anos, fui deixando o hábito de assistir três novelas por noite... rsrsrs, mas as da faixa das seis ainda continuam me conquistando... como a atual "Garota do Momento", de Alessandra Poggi. Adoro o figurino, trilha sonora, os personagens bem construídos, a fotografia que dá o tom de 1958, época que parecia que o Brasil era mais próspero, alegre e leve... o que dá um certo aconchego e nos tira um pouco da dura realidade. 

É fato que adoro ler, ir ao cinema, ao teatro, visitar exposições, enfim, qualquer programa cultural, mas também gosto de assistir minha novelinha das seis... rsrsrs... porque adoro a atmosfera dos anos 1950... o boliche, as lambretas, a TV Ondas do Mar, o Clube Gente Fina e uma elegância que parece que o mundo foi perdendo ao longo dos anos. O elenco todo está muito bem, mas destaco o trabalho de Danton Mello interpretando o dono da agência de publicidade Hi-Fi, Raimundo e sua gastrite impagável, enfim, uma novela que vale a pena assistir pra desestressar!

Ah! A cultura brasileira é muito rica em suas várias vertentes e merece sempre ser valorizada. Concordo com nossa totalmente premiada Fernanda Torres ao exaltar a relevância cultural das novelas brasileiras. Salve toda e qualquer manifestação cultural que tempera a vida e ajuda a construir nossa identidade! :)

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