sábado, 29 de junho de 2024

Sobre baleias e livros

Quando estava pesquisando outros trabalhos do roteirista Zidrou (que adoro), dei de cara com a história da baleia que guarda atrás de seu sorriso a maior biblioteca dos mares! Ah! Fiquei muito curiosa, tanto pelos livros quanto por esse animal que acho de uma beleza e um mistério encantadores. A HQ "A baleia biblioteca" (com arte de Judith Vanistendael) me conquistou só pela ideia e após a leitura posso dizer que, como estamos falando de mar, é uma pérola que vale muito a pena conhecer! A dedicatória aguçou ainda mais minha curiosidade. 

O narrador é um carteiro do Correio Marítimo, trabalho que o leva, frequentemente, para o alto mar, onde um dia conheceu a baleia mais literária das galáxias! Mas tenho que dizer que, além de manter uma biblioteca dentro de si, frequentada por peixes e outros animais marinhos e que o carteiro teve a oportunidade de visitar, de vez em quando ela ainda gosta de colocar seus óculos e ler histórias quando requisitada pelos peixinhos, que amor! 

Paralelamente à história da baleia, o carteiro tem sua esposa grávida, que fica a sua espera, sempre que ele sai de barco para entregar as correspondências. 

Logo que conhece a baleia biblioteca, ela lhe empresta um livro... ah... o diálogo é de uma doçura! Ele diz: "E tem final feliz, assim espero", e ela: "Eu detesto as histórias que não têm final feliz." (Com o verbo sublinhado mesmo... me identifiquei completamente... ahahaha). 

As ilustrações delicadas combinam com o tom suave da história, mas preciso adverti-los que o final é, absolutamente, comovente e reflexivo. Não vou contar mais detalhes, prefiro deixar que conheçam a história para terem suas próprias sensações.  Chego à conclusão que cada roteiro do Zidrou me instiga a querer ler os próximos e me inspira a escrever ainda mais... rsrsrs... Como ele diz, "a gente aprende a contar histórias como aprende a nadar, para não se afogar! :)

quarta-feira, 26 de junho de 2024

Ah... o raio do celular!

Ilustração: @alikailustra
- Uma legião de corcundas introspectivos!

- Onde?

- Ahahaha… em qualquer lugar pra onde olho! No transporte público, restaurante, café, lanchonete, mercado, loja de sapato! As pessoas ficam com os olhos grudados no celular e a cervical flexionada pra baixo, por tanto tempo, que eu não sei como conseguem levantar a cabeça depois!

- Ainda não entendi porque tanta irritação. Tem umas meninas que ficam tão bonitnhas, mesmo que corcundas, com os olhos grudados no raio do celular! Ahahaha...

- Engraçadinho... vou dizer onde quero que você enfie essas meninas bonitinhas...

- Olha a boca... tava só te provocando... pra que ficar tão nervosa, amor? Não entendo...

- Não entende porque pertence a essa legião.

- Por quem me tomas?

- Nem vem com essa mania de falar como no Século XIX!

- Ahahaha… você sabe que toda a vez que cismo de ler um dos seus romances de época fico assim... mas calma que daqui a pouco passa.

- Bobo! Voltando ao assunto, as pessoas deveriam prestar mais atenção no que acontece à sua volta, mas elas parece que estão presas no mundinho internético de dancinhas, memes, compartilhamentos e curtidas e seguidores…

- E?

- Acho tão esquisito esse negócio de seguidor. Eu que não quero esses corcundas introspectivos e insanos com seus dedos ágeis me seguindo…

- Ah, mas você segue um monte deles…

- Sigo pra saber o que estão fazendo. Afinal, preciso me antecipar!

- Tá falando sério?

- Claro que não… ahahaha… mas, realmente, esse negócio de “quantos seguidores você tem” parece coisa de seita daquelas que induz os babacas a se jogarem de um penhasco… ahahaha...

- Penhasco é lindo! Adoro essa palavra… tem uma sonoridade!

- Que bom que você ainda não foi sugado por esse mundo de…

- … chega de corcundas e introspectivos… vamos sair! Vi que tem uma nova exposição de fotos, preciso mesmo alongar minha cervical… ahahaha…

- Eu vou, mas se ficar olhando qual o melhor ângulo pra fazer uma selfie, te arremesso no chão e piso em cima!

- Ahahaha… que delicadeza! Prometo que vou deixar o celular guardado.

- E no modo silencioso, por gentileza! Vamos viver o momento e não pensar em provocar a inveja alheia ostentando stories por aí!

- Nada de celular!

- Combinado… então, vamos!

- Só vou pegar o raio do aparelho pra pedir um carro de aplicativo.

- Começou!

- Mas se quiser, podemos ir de metrô, mas sábado a invasão dos corcundas introspectivos costuma ser implacável!

- Ahahaha... então, vamos de bicicleta?

- Vamos caminhando...

- … e cantando… gostei! Mas e o sol?

- Não se preocupe, ele vai junto, torrando nossos miolos! :)

sábado, 22 de junho de 2024

Na janela

Saudade tem vários efeitos colaterais… pode escorrer pelos olhos, em forma de lágrimas de alegria ou de tristeza; pode nos fazer refletir sobre a dor da ausência; pode nos abrir um sorriso no rosto, ao trazer belas lembranças; pode nos dar a sensação de abandono; pode nos colocar em modo espera; pode nos despertar a vontade de deitar em posição fetal; pode nos fazer querer ficar “no escuro do meu quarto à meia-noite, à meia luz, sonhando”, em nosso mundo e nada mais; pode nos fazer cantar Pink Floyd: “How I wish, How I wish you were here”; pode, simplesmente, nos fazer escrever pra desabafar.

E, à noite, olhando pela janela, cortinas esvoaçantes, cidade iluminada em sua plenitude, pensamentos querendo alcançar as estrelas, olhos em busca da acolhedora Lua, a saudade continua aqui dentro, pulsando, intensamente. Sou um emaranhado de saudades, como uma colcha de retalhos, feita carinhosamente de pedacinhos de lembranças, que me torna mais humana, sensível e inteira. Então, chega de saudade, "pois há menos peixinhos a nadar no mar, do que os beijinhos que darei na sua boca"… rsrsrs :)

* O doce desenho que ilustra esta singela crônica é do meu irmão Gerson Donato, que desde sempre adora, humildemente, arriscar belos rabiscos! Obrigada, Gé ❤️

quarta-feira, 19 de junho de 2024

90 anos de puro charme!

Que amor, meu querido Pato Donald completou 90 anos! Sempre foi meu personagem preferido de Walt Disney. Seu aniversário foi dia 9 de junho e, mesmo com alguns dias de atraso, resolvi fazer essa doce homenagem, porque ele merece!

Tenho várias histórias relacionadas a este adorável nervosinho. Uma delas é ainda criança, quando meu irmão (Gé), pra me irritar, chamava o Donald simplesmente de “Pato”, isso me deixava furiosa, como o próprio personagem ficava nas HQs e desenhos animados, só faltava sair fumaça das minhas orelhas… ahahaha... eu ficava extremamente ofendida, porque ele tem nome, só Donald, beleza, mas chamar, simplesmente, de Pato, era demais! Afinal, eu não chamava o querido dele (Mickey) de rato. E aí era um nervoso só... ahahaha... Inclusive, pensando bem, parecíamos muito com nossos preferidos, ele, metido como o Mickey, e eu nervosa como o Donald… ahahaha… coisa de criança, doces brigas infantis! Aliás, tenho até hoje uma relíquia que a gente ganhou como prenda em uma quermesse, sei lá quando, é um Donald de corda, ele fica rodando com aquela bundinha arrebitada cheia de penas brancas, uma graça!

Donald e eu, em Paris
Agora, teve um momento especial, quando fui à Paris, ulálá… que saudade de viajar! Fui à Galeria Lafayette e, como coloquei na legenda da foto no Instagram, “encontrei meu amor em Paris”… ownnn… um Donald imenso de pelúcia, a coisa mais linda! Dei um abraço bem apertado, mas como não teria condições nem financeiras de comprá-lo, nem onde colocá-lo em casa, dei um beijo cheio de carinho, recoloquei o querido na prateleira e, pra minha alegria, consegui comprar um pequeno, que fica embelezando minha estante. Ah! É um encanto meu exemplar francês! Parabéns, Donald! :)

sábado, 15 de junho de 2024

Vamos de táxi

Baseado no romance do francês Benoît Cohen, "Yellow Cab", a HQ do quadrinista francês Christophe Chabouté é um passeio por Nova York, suas paisagens,  habitantes e turistas que circulam apressados por suas ruas e avenidas. 

A HQ conta a história do diretor de cinema que sofre um bloqueio criativo e, decidido, resolve virar um taxista para tentar encontrar a inspiração para sua próxima obra, transportando os passageiros em meio à agitação da megalópole.


A forma como Chabouté retrata Nova York é admirável. Com seus traços finos e a elegância do P&B, mostra pontos da cidade com uma impressionante riqueza de detalhes que surpreende o leitor a cada página, não é à toa que é considerado um dos maiores artistas europeus, atualmente.
Mesmo com a tensão presente ao longo de todo quadrinho, a começar pelas dificuldades que ele tem para tirar a licença e, finalmente, conseguir dirigir um táxi na Big Apple, os cenários retratados, volto a dizer, são um capítulo à parte, como esta ilustração, ao lado, da neve caindo. Uau!

Como não poderia deixar de ser, os passageiros são um verdadeiro mosaico de sentimentos e comportamentos, tão comum, não só à Nova York, mas a todas as grandes cidades pelo mundo. O cuidado com que Chabouté trata a obra de Cohen é fascinante, mais do que uma adaptação, é uma homenagem ao produtor, roteirista e diretor de cinema. Não sei se por gostar tanto de escrever, um detalhe que me emocionou muito é um texto publicado, timidamente, num cantinho ao final da HQ, que diz: "Nunca dirigi um táxi em Nova York... Na verdade, morro de medo disso. Mas, assim como você, estou sempre à  espreita, na busca, sendo levado e transportado por essa necessidade de contar histórias... De veicular emoção... Obrigado, Benoît". Ah! Que delicadeza, que sensibilidade, obrigada a você também, Chabouté! :)

quarta-feira, 12 de junho de 2024

Aflições caninas

Ilustração: Kleverson Mariano

Às vezes, ela fica assim, pensativa, ouvindo músicas lentas e até tristes. Não gosto de vê-la assim. Ainda não sei direito o que gerou essa melancolia, mas, vocês, considerados seres racionais, sabem bem como angustiar uns aos outros. Agora, num dia ensolarado como esse, um céu azul tão propício para aproveitar o parque passeando e cheirando tudo quanto é planta e traseiro, continuamos sentados nesse enorme abandono.

Claro que vou ficar ao seu lado em silêncio quanto tempo precisar, mas já adianto que quando essa reflexão, que ainda vou descobrir sobre o que é, acabar, quero passear por horas e, detalhe, quero seu sorriso de volta pra nos iluminar.

É isso mesmo, adoro minha dona e a considero a melhor criatura de todo o Universo! Sinceridade é inerente a nós caninos, se gostamos, gostamos mesmo; se não gostamos, corre… ahahaha… Brincadeira, ela me ensinou, desde meus primeiros passinhos de filhote animado, a não agredir, seja quem for, com mordidas ou arranhões.

Pelos meus cálculos, que não têm nenhum rigor científico, acredito que ela deva estar nesse estado de contemplação há pelos menos duas horas. Sim, porque o Sol já mudou de direção e, inclusive, a temperatura está até mais amena.

Uma coisa que me intriga nisso tudo é que ela está descalça. Ela gosta tanto de sandálias, tênis e chinelos confortáveis, com os pés descalços só a vejo em casa. Dá um certo medo, será que ela vai largar tudo, me abandonar e sumir no mundo? Que horror! Preciso me controlar, quase soltei um ganido... não quero atrapalhar sua reflexão.

Confesso que posso estar meio neurótico, ela deve estar descalça, simplesmente, porque está calor ou porque, pra pensar, é melhor ter os pés nus. Será que estou exagerando? Mas é que ela não costuma ficar tão quieta por tanto tempo. Vai ver está só meditando. Sabe do que mais? Vou me aconchegar ao seu ladinho e cochilar um pouco, quem sabe, assim, ela me nota e começa a desabafar. Ouvi dizer que guardar os sentimentos faz mal à saúde e não resolve nada... ah... que sono... zzzzzzzzzz! :)

* Esta crônica foi inspirada na bela ilustração do artista Kleverson Mariano (@kleverson_mariano), obrigada e parabéns pelo trabalho sempre tão inspirador! 😉

sábado, 8 de junho de 2024

Leveza e profundidade


Do quadrinista francês Manu Larcenet, "O Combate cotidiano" conta a história de Marco, um jovem fotógrafo que se cansa de retratar a guerra e decide se refugiar no campo, com seu gato, o temperamental Adolf, pra tentar encontrar seu lugar no mundo. É um relato comovente que mescla luta da classe trabalhadora com desafios pessoais do protagonista, como amadurecimento e autoaceitação, relações com o pai, a mãe, o irmão, a namorada, os amigos. 

É uma história impactante e, profundamente, humana, em que os personagens no estilo cartum trazem leveza aos temas densos que são abordados ao longo da vida de Marco. A HQ conquista o leitor por tratar do combate cotidiano que todos nós enfrentamos e que nos faz quem somos. O autor sabe como temperar assuntos tensos com bom humor e traços leves que tornam a leitura fluida e, ao mesmo tempo, impactante.

Como leitora, fui aprendendo a entender Marcos, que enfrentando as dificuldades cotidianas consegue superar medos e inseguranças, tornando-se um cara melhor. Afinal, as pequenas coisas, os momentos mais bonitos que vivemos são, realmente, o que importa, os que merecem ser guardados e pelos quais vale a pena enfrentar a gangorra de sentimentos que a vida nos oferece todos os dias! Ah... é uma leitura divertida e reflexiva como só as melhores HQs sabem ser! :)

quarta-feira, 5 de junho de 2024

Hope e a chuva

Ilustração: Hiro Kawahara
Ah… a chuva! Não, tempestade. Tempestade só é bom quando se está abrigada. A chuva de vento também complica, é preciso ter um guarda-chuva de qualidade para enfrentá-la, caso contrário, ele vira do avesso mesmo e nos deixa encharcada. Sem contar a vergonha de ter que lidar com aquele amontoado de varetas retorcidas.

Estou falando da chuva encantadora, aquela que cai continuamente e que nos permite usar o guarda-chuva de maneira eficiente e nos instiga até a cantar como no clássico do cinema. Aquela que nos permite andar com calma, desviando dos apressados; observar as gotas se aglomerando em poças pelo caminho; e sentir o cheiro de café que sai das padarias convidando-nos a dar aquela pausa estratégica e agradável.

Pelo visto, Hope é das minhas, adora aproveitar os momentos de chuva, inclusive, para usar seu sobretudo elegante, que dá um realce a mais à sua inseparável bolsinha azul. Como podem ver, ela não gosta de guarda-chuvas coloridos ou floridos, inclusive, esse ela ganhou de sua avó materna inglesa… uau… pois é, foi sua avó Rose quem escolheu seu nome e, embora do outro lado do Atlântico, é tão presente quanto a avó paterna, que vive em um chalé em uma cidadezinha minúscula e distante, no interior de São Paulo. Quando o assunto é avó, ela é muito bem servida.

Voltando à chuva, Hope costuma andar observando a agitação da metrópole. Curiosa, ela tenta extrair coisas boas desses momentos, ao contrário dos apressados que só reclamam, nas calçadas estreitas, e mal esperam o semáforo abrir para correr, enroscando seus guarda-chuvas uns nos outros. Se há algo que a encanta nesses dias chuvosos são as árvores, que parecem sorrir espalhando os pingos de chuva, que usam seus galhos como trampolim. Hope adora imaginar situações e encadear pensamentos... eu também! :)

* A ilustração que me inspirou a escrever essa delicada crônica é do grande Hiro Kawahara (@hirokawahara), adoro seu trabalho... desde as divertidas lâminas de bandeja do McDonald's que, particularmente, eram o que eu mais gostava da famosa lanchonete... rsrsrs... Obrigada pela gentileza e parabéns por sua arte...❤️

sábado, 1 de junho de 2024

O pai das HQs modernas

Nova York - a vida na grande cidade 
Seguindo meu encantamento pelas  histórias em quadrinhos, continuo pesquisando diversos autores, mas, claro, que não há como não falar do gênero sem citar o grande Will Eisner, considerado o pai das HQs modernas! Sempre admirei seu traço e, recentemente, tive a oportunidade de ler três obras: Nova York - A vida na grande cidade; Quadrinhos e arte sequencial: princípios e práticas do lendário cartunista; e Ao coração da tempestade! Vou começar com minhas impressões a respeito da obra-prima "Nova York", que reúne quatro graphic novels escritas nos anos 1980 e 1990. Nelas, são retratados o dia a dia dos moradores da metrópole em situações, por vezes, divertidas e irônicas, em outros momentos, trágicas. O mais impactante, além de sua arte impecável, é a sensibilidade que Eisner demonstra ao desnudar a vida, temperada pela solidão e pela indiferença, dos habitantes de uma metrópole, que, definitivamente, não é formada apenas por inúmeros edifícios, asfalto e trânsito caótico (isso me lembra minha querida São Paulo ❤).

Arrebatada pelo saudoso quadrinista norte-americano, escolhi o livro "Quadrinhos e arte sequencial" para conhecer um pouco sobre a criação de histórias em quadrinhos! No prefácio, o autor já me conquistou quando diz: "A premissa desse livro é de que, por sua natureza especial, a arte sequencial merece ser levada a sério pelo crítico e pelo profissional. O rápido avanço da tecnologia de impressão e o surgimento de uma era em grande parte dependente da comunicação visual tornam isso inevitável". O livro foi escrito a partir de ensaios que ele publicava na revista The Spirit e também do curso sobre arte sequencial que ministrou, durante duas décadas, na Escola de Artes Visuais de Nova York. Seu objetivo? "Abordar os princípios e as práticas da forma de arte mais popular do mundo de maneira estimulante e pragmática tanto para o estudante como para o profissional da área". Adorei o livro, pra mim, é um farol no mar revolto das HQs!                                                                                                                                          
Eisner em ação
O capítulo que aborda a escrita é inspirador. "A arte sequencial é o ato de urdir um tecido. Ao escrever apenas com palavras, o autor dirige a imaginação do leitor. Nas histórias em quadrinhos, ele imagina pelo leitor". Incrível! Em outro trecho, ele enfatiza que "cada componente está subordinado ao outro. O escritor deve se preocupar desde o início com a interpretação da história pelo artista, e o artista deve aceitar submeter-se à história ou à ideia". Imediatamente me faz lembrar de duplas irretocáveis como os franceses Goscinny, no texto, e Uderzo, na arte, criadores de Asterix, que adoro desde sempre! E também Zidrou, no texto, e Lafebre, na arte, autores dos doces e divertidos "Verões Felizes", que me conquistaram recentemente! 

Ao coração da tempestade 
Já "Ao coração da tempestade" é uma obra autobiográfica, ambientada na Segunda Guerra Mundial, em que Will, um jovem judeu convocado pelo exército americano, segue de trem para se apresentar ao seu batalhão. 
Da janela do trem, Eisner conta a história de seus pais, desde a chegada aos EUA, como viveram enfrentando o preconceito ao longo dos anos, ilustrando lindamente histórias de sua família e passagens marcantes de sua vida. Leitura tocante, em que o gênio dos quadrinhos nos brinda com momentos temperados por emoção, a começar pela dedicatória: "Este livro é dedicado a Ann, minha esposa e amada companheira. Seu carinho, sua sabedoria, sua perspectiva de vida e seu apoio infatigável durante nossos anos de jornada me conduziram pelas muitas tempestades criativas ao longo do caminho". Que delicadeza! Will Eisner é sinônimo de sensibilidade com seus traços fortes, seus personagens imperfeitos, humanos e cheios de nuances que nos prendem a atenção. O lendário quadrinista, que abriu as portas para novos artistas, influenciando seus contemporâneos e todos que vieram depois, a cada dia encanta, conquista e reconquista mais leitores! E nos faz sonhar com as inúmeras possibilidades que as HQs nos reservam! Salve a Nona Arte! Viva Eisner! :)