sábado, 1 de junho de 2024

O pai das HQs modernas

Nova York - a vida na grande cidade 
Seguindo meu encantamento pelas  histórias em quadrinhos, continuo pesquisando diversos autores, mas, claro, que não há como não falar do gênero sem citar o grande Will Eisner, considerado o pai das HQs modernas! Sempre admirei seu traço e, recentemente, tive a oportunidade de ler três obras: Nova York - A vida na grande cidade; Quadrinhos e arte sequencial: princípios e práticas do lendário cartunista; e Ao coração da tempestade! Vou começar com minhas impressões a respeito da obra-prima "Nova York", que reúne quatro graphic novels escritas nos anos 1980 e 1990. Nelas, são retratados o dia a dia dos moradores da metrópole em situações, por vezes, divertidas e irônicas, em outros momentos, trágicas. O mais impactante, além de sua arte impecável, é a sensibilidade que Eisner demonstra ao desnudar a vida, temperada pela solidão e pela indiferença, dos habitantes de uma metrópole, que, definitivamente, não é formada apenas por inúmeros edifícios, asfalto e trânsito caótico (isso me lembra minha querida São Paulo ❤).

Arrebatada pelo saudoso quadrinista norte-americano, escolhi o livro "Quadrinhos e arte sequencial" para conhecer um pouco sobre a criação de histórias em quadrinhos! No prefácio, o autor já me conquistou quando diz: "A premissa desse livro é de que, por sua natureza especial, a arte sequencial merece ser levada a sério pelo crítico e pelo profissional. O rápido avanço da tecnologia de impressão e o surgimento de uma era em grande parte dependente da comunicação visual tornam isso inevitável". O livro foi escrito a partir de ensaios que ele publicava na revista The Spirit e também do curso sobre arte sequencial que ministrou, durante duas décadas, na Escola de Artes Visuais de Nova York. Seu objetivo? "Abordar os princípios e as práticas da forma de arte mais popular do mundo de maneira estimulante e pragmática tanto para o estudante como para o profissional da área". Adorei o livro, pra mim, é um farol no mar revolto das HQs!                                                                                                                                          
Eisner em ação
O capítulo que aborda a escrita é inspirador. "A arte sequencial é o ato de urdir um tecido. Ao escrever apenas com palavras, o autor dirige a imaginação do leitor. Nas histórias em quadrinhos, ele imagina pelo leitor". Incrível! Em outro trecho, ele enfatiza que "cada componente está subordinado ao outro. O escritor deve se preocupar desde o início com a interpretação da história pelo artista, e o artista deve aceitar submeter-se à história ou à ideia". Imediatamente me faz lembrar de duplas irretocáveis como os franceses Goscinny, no texto, e Uderzo, na arte, criadores de Asterix, que adoro desde sempre! E também Zidrou, no texto, e Lafebre, na arte, autores dos doces e divertidos "Verões Felizes", que me conquistaram recentemente! 

Ao coração da tempestade 
Já "Ao coração da tempestade" é uma obra autobiográfica, ambientada na Segunda Guerra Mundial, em que Will, um jovem judeu convocado pelo exército americano, segue de trem para se apresentar ao seu batalhão. 
Da janela do trem, Eisner conta a história de seus pais, desde a chegada aos EUA, como viveram enfrentando o preconceito ao longo dos anos, ilustrando lindamente histórias de sua família e passagens marcantes de sua vida. Leitura tocante, em que o gênio dos quadrinhos nos brinda com momentos temperados por emoção, a começar pela dedicatória: "Este livro é dedicado a Ann, minha esposa e amada companheira. Seu carinho, sua sabedoria, sua perspectiva de vida e seu apoio infatigável durante nossos anos de jornada me conduziram pelas muitas tempestades criativas ao longo do caminho". Que delicadeza! Will Eisner é sinônimo de sensibilidade com seus traços fortes, seus personagens imperfeitos, humanos e cheios de nuances que nos prendem a atenção. O lendário quadrinista, que abriu as portas para novos artistas, influenciando seus contemporâneos e todos que vieram depois, a cada dia encanta, conquista e reconquista mais leitores! E nos faz sonhar com as inúmeras possibilidades que as HQs nos reservam! Salve a Nona Arte! Viva Eisner! :) 

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