quarta-feira, 27 de agosto de 2025

Releitura de um grande clássico

Quando vi pela primeira vez a graphic novel "Jane", da roteirista estreante nos quadrinhos, Aline Brosh McKenna, e do ilustrador Ramón K. Pérez, fiquei muito curiosa só de saber que era uma releitura do grande clássico "Jane Eyre", da escritora inglesa Charlotte Brontë.

Gosto muito do livro, inclusive, escrevi sobre ele aqui, em 2021, num texto em que falei de obras das três irmãs Brontë. Mas voltando à HQ, ela conta a história de Jane, uma jovem que perde os pais e, por ser desprezada por parentes, resolve ir viver em Nova York, onde estuda desenho e para se sustentar arruma emprego de babá de Adele, a filha de Edward Rochester, um executivo poderoso e cheio de mistérios.

Por ser admiradora da obra-prima de Charlotte Brontë, li com o maior carinho e respeito, mas, sinceramente, o que mais me agradou foi a arte. O ilustrador usa diversas técnicas para nos contar as várias fases da protagonista, no início, as dificuldades são representadas em P&B; quando ela conhece a criança, tudo fica mais colorido e alegre; quando Jane sonha acordada, os traços se tornam mais delicados... mas não vou contar mais detalhes.

Assim como a roteirista dedica a obra à Charlotte Brontë, considero que ler essa HQ também é uma forma de homenagear a autora de um dos maiores clássicos do século XIX, que marcou a Literatura e continua inspirando gerações de artistas e de leitores! Viva as HQs! Salve as escritoras! :)

sábado, 23 de agosto de 2025

Uma metralhadora de recomendações

Ilustração: Eduardo Arruda
– Quando vi, no parque, uma mulher bombardeando os filhos de recomendações sobre como brincar no balanço, lembrei da... ahahaha... não faz essa cara que eu não aguento... ahahaha...

– Nem fala o nome pra não dar ideia pro Universo... ahahaha...

– Ahahaha... tá bom, só ia dizer que lembrei do dia em que ela me convidou pra passar a tarde na piscina! Pensei que seria uma tarde agradável e divertida...

– Pelo jeito, imagino que não tenha sido uma experiência muito instigante!

– Engraçadinho, se continuar me ironizando não conto mais nada!

– Calma, amor! Não seja cruel, conta logo... eu sei que você quer compartilhar...

– Tá bom... foi um festival de orientações e alertas... ahahaha... Quando cheguei, tirei os chinelos e ela logo disparou: "cuidado com o piso quente, o Sol está a pino, fique sentada na canga pra não queimar a bunda, agora, mergulhe os pés na água... assim... mas, por favor, não bata os pés que vai me molhar toda e molhar em volta da piscina... o que é muito perigoso... alguém pode escorregar"...

 E você conseguiu falar alguma coisa?

De que jeito? Ela é uma metralhadora de recomendações... ahahaha...

Ahahaha... pelo menos, você se diverte... bela definição da criatura.

Pois é, mas na hora é uma tensão, só dias depois consigo me divertir com as sandices dela.

– Mas, em resumo, você chegou a entrar na piscina?

– Não! Na hora que eu falei que ia dar um mergulho, ela me cortou dizendo: não faça isso, vai ter um choque térmico, o calor está muito forte e a água geladérrima!

– Mas pra que existe piscina se não é pra refrescar?

– Pois é, tentei explicar que costumo primeiro colocar os pés para ir acostumando e só depois mergulho, mas não consegui convencê-la. Fiquei longos minutos só com os pés na água e, claro, sem mexer muito pra não molhar tudo... ahahaha...

– Mas que sem noção, será que ela mergulha?

– Disse que só no alto verão!

– Ela nem devia ter piscina em casa! 

– Se é complicada no calor... imagina no frio!

– É verdade, ela tinha uma casa no campo também...

– ... que já tive o prazer de conhecer! Mas vou contar no estilo dela: sentamos no chão perto da lareira, pra tomar o que achei que seria um belo café da tarde e eis que ela: "vou te pedir uma coisa, cuidado com as migalhas do pão no tapete, além de sujar podem te ferir, uma vez minha avó se cortou com uma casca de pão que alguém descuidado deixou cair no chão, foi uma correria, acabou com a festa. Mas não se preocupe, esse pão de leite não tem casca... no entanto, pode sujar o chão. Isso pegue a xícara, beba um gole de café com leite e, em seguida, morda um pedaço de pão, ajuda na mastigação... nem olhe para o bolo, depois você come, quando terminar o pão... já terminou? Então, pegue um pedaço do bolo, claro, use o guardanapo, ele é bem molhadinho, pode sujar sua mão que, consequentemente, poderá sujar sua roupa ou, pior ainda, sujar a toalha de linho, bordada por minha tataravó... como você pode ver, é uma joia de família e deve ser respeitada. Está gostando? Você está tão quieta... não está acostumada com tantas coisas deliciosas no café da tarde... entendo... mas não se intimide... depois podemos jogar dominó... ou ir no balanço sentir a brisa no rosto"... Sem brincadeira, perdi a paciência, levantei e saí dizendo que ia ao banheiro... ela deve estar me esperando até hoje! E já faz um bom tempo...  

– Tô impressionado... como você não perdeu o fôlego contando essa história!

– Foi uma homenagem a ela e seus bombardeios verbais!

– Ahahaha... posso te perguntar uma coisa?

– Pode, mas sem ironias... pergunte!

– Por que você é amiga dessa pessoa cheia de manias?

– Ahahaha... parece letra de pagode... Ah! Sei lá, quando a gente se conheceu na escola, ela me defendia...

– ... defendia de quem, amor?

– Nas brigas na hora do recreio...

– Ahahaha... nossa, mas você brigava no recreio?

– Eu não, mas sempre tinha umas monstras que queriam me bater... sabe como é, bonita, inteligente...

– ... humilde... ahahaha...

– Tô brincando, bobo! Na verdade, ninguém queria ser amiga dela, porque era mandona e irritava todo mundo... ahahaha... achei chato deixá-la sozinha, então, resolvi introduzi-la na turma!

– Uau! Bonita, humilde e magnânima... ahahaha... essa é minha garota! 

– Ahahaha... perspicaz, astuto e charmoso... este é meu garoto!

– Vem cá... agora, só quero bombardeios de carinho!

– Uau! :)


* A tirinha que ilustra esta crônica é do quadrinista e ilustrador Eduardo Arruda (@eduardobarruda), que, gentilmente, autorizou que eu publicasse sua arte aqui em meu querido blog! Obrigada e parabéns pelo trabalho! 😉 

quarta-feira, 20 de agosto de 2025

Mezzo diversão, mezzo emoção!

A comédia italiana "Faz de conta que é Paris" é um aconchego! Ela narra a história de três irmãos que, depois de cinco anos afastados, se reencontram para satisfazer o último desejo do pai: viajar todos juntos para Paris! 
Dirigido e protagonizado por Leonardo Pieraccioni, que interpreta Bernardo, irmão de Ivana (Giulia Bevilacqua) e Giovanna (Chiara Francini), o filme tem momentos bastante divertidos e outros tensos, afinal, entre eles e o pai Arnaldo Cannistraci (Nino Frassica) há muita mágoa e problemas de relacionamento, que, aos poucos, vão sendo resolvidos ou, pelo menos, amainados.

A viagem de trailler, na verdade, acontece no haras de Bernardo, no interior da Toscana e, com a ajuda de conhecidos, os irmãos vão construindo cenários inusitados de uma Paris genérica para agradar o pai, que quase não enxerga, o que torna a tarefa mais fácil na medida do possível.

Preciso dizer que adoro comédias italianas e essa veio na hora certa! Estava precisando de algo afetuoso e, ao mesmo tempo, divertido! Gosto da forma como os conflitos são apresentados. A interpretação natural dos atores e a beleza da língua italiana são encantadoras, um prato cheio pra quem, como eu, adora a Itália e também as doces luzes de Paris!

Algumas situações são hilárias e os personagens secundários, muito bem construídos, enriquecem a trama, como os vizinhos, mãe e filho, que se incomodam com o tal trailer dando voltas no haras, os policiais, o ex-funcionário da universidade onde o pai dava aulas que encontra a família num restaurante... sem contar o flasback com a mãe, enfim, não vou detalhar as cenas, pois vale muito a pena assistir e ter suas próprias experiências!

A fotografia é agradável, o longa é de uma simplicidade que nos abraça... o roteiro, ágil e profundo, nos presenteia com ironia, drama e leveza na medida certa, ora nos levando às gargalhadas, ora nos emocionando e nos levando à reflexão. Ah! É uma doce e tradicional comédia italiana: divertida e emocionante... come noi... :)

quarta-feira, 13 de agosto de 2025

Um doce violeiro...

A Graphic MSP "Viola" sobre o personagem Chico Bento, terceira assinada pelo cartunista, quadrinista, chargista e ilustrador Orlandeli, é de uma poesia que nos acalma e aconchega! Esta é a primeira que leio, não que as anteriores não tenham me chamado a atenção, mas acho que essa me conquistou pela delicadeza do tema. Chico descobre que seu avô Firmino, que não chegou a conhecer, era um violeiro de mão cheia! 
A partir daí, o menino herda a viola e passa a se interessar pela história do avô e descobre que a música está no sangue da família, pois seu pai também é um grande violeiro.

A sensibilidade da narrativa e o traço refinado do autor encantam! Com sua simplicidade, Chico nos envolve em uma história repleta de beleza e emoção, mostrando sua conexão, por meio da música, com o avô e o pai, três gerações unidos pela viola! A ilustração é um caso à parte, com cores suaves, Orlandeli nos apresenta a beleza do campo em suas diversas nuances. Todos os personagens são bem construídos e decisivos na trama! Temos aqui um Chico Bento e sua turma cativantes como sempre! Viva a clássica e tradicional moda de viola! :)

sábado, 9 de agosto de 2025

Um lugar feito de música

Ler "100 discos para conhecer Aguardela", com roteiro de Daniel Lopes (um dos Pipoca & Nanquim) e Raphael Salimena (que também é responsável pela arte) foi uma experiência duplamente agradável e instigante! Primeiro, por ser em formato de LP, o que já é uma satisfação! E, segundo, por ter me feito lembrar, anos atrás, quando eu sentava em um pufe, ao lado do aparelho de som, e passava as manhãs de domingo ouvindo um disco atrás do outro... de MPB, rock, pop... que diversão! Inspiração no mais alto grau! 

A obra é uma coletânea de discos que conta a história de um instigante recanto chamado Aguardela, que, em 1950, com a chegada da cantora Dorinha, se transforma em um polo de música, encantando e influenciando gerações! Em uma jornada de 1950 a 2000, o leitor viaja pelos vários gêneros musicais e, por meio das capas e contracapas dos LPs, conhece os artistas, a cultura e os segredos e os encantos de Aguardela!


Para quem gosta de música (será que tem quem não goste?), é uma ótima oportunidade de descobrir novos sons, bandas e artistas, que embora fictícios, parecem reais pela força e beleza. 

Viva a música em todas as suas vertentes... porque, como diria Nietzsche, "sem a música, a vida seria um erro"! Viva a Cultura! :)

quarta-feira, 30 de julho de 2025

Um quarteto simpático

Ir ao cinema é sempre uma experiência encantadora... pra mim, um ritual... quando sento na poltrona, as luzes se apagam e a tela se mostra majestosa, deixo o mundo lá fora e durante pouco mais de duas horas, mergulho na história, por isso mesmo sempre escolho muito bem o que vou assistir!

Desta vez, o que me levou à sala escura foi a curiosidade de conferir esse adorável Quarteto Fantástico, criado por Stan Lee e Jack Kirby, e que me fez lembrar do desenho animado, que assistia quando criança na TV... ah... deixa pra lá... ahahaha...

Voltando ao filme da Marvel, Quarteto Fantástico - Primeiros Passos... simplesmente, adorei! Gosto muito dos personagens, bem construídos, leves e ao mesmo tempo densos! A agradável fotografia é um destaque, com suas cores vivas, remete às histórias em quadrinhos e à arte de Kirby!

Os quatro personagens são ótimos e, realmente, formam um quarteto irretocável: Reed Richards (Senhor Fantástico), Susan Storm (Mulher Invisível), Jonathan "Johnny" Storm (Tocha Humana) e Ben Grimm (O Coisa)... não posso deixar de elogiar o elenco que dá vida a esses simpáticos heróis... Pedro Pascal, Vanessa Kirby, Joseph Quinn e Ebon Moss-Bachrach... que nos conquistam desde a primeira cena, com muita ação, pitadas de humanidade e humor na medida certa! 

É muito facil torcer por eles, não só nas cenas de ação em que estão salvando o mundo, mas também nos momentos em família, resolvendo tarefas do dia a dia... sem contar com o charme do robô Herbie cozinhando com Ben ou sendo babá de Franklin, filhinho de Reed e Sue. É encantador como os quatro combinam e se entendem até quando se desentendem... rsrsrs... caso de Johnny e Ben! Por falar em encantador, a cena em que Franklin salva a vida de sua mãe é uma das mais emocionantes e mostra que o pequeno tá longe de ser apenas um bebezinho! 

Ah! É o tipo de filme que diverte e emociona... saí do cinema bastante animada! Nada como super-heróis simpáticos pra nos inspirar num sábado à tarde! Se fizerem com o mesmo capricho, aceito uma sequência... rsrsrs... Gostei e recomendo! :)

sábado, 26 de julho de 2025

A arte de criar histórias

Escrever é sempre bom, mas escrever ficção, criar personagens e vê-los crescendo e se tornando independentes é encantador, porque os personagens são como filhos, que a gente lança no mundo, cuida, acolhe, incentiva suas descobertas e quando vê eles estão dizendo o que pretendem da vida, no caso dos personagens, o rumo da história!

Sempre gostei de escrever e de ter uma caneta e um caderninho por perto... afinal, as ideias não gostam de esperar, quando não temos onde registrá-las, as danadas desaparecem.

Mesmo adorando anotar minhas ideias no tradicional e querido papel, quando criança, o primeiro contato que tive com uma máquina de escrever foi arrebatador! Era uma portátil, muito lindinha, cor de laranja... ela me instigava a escrever, mas eu não podia usar muito, pois a preferência era do meu saudoso irmão mais velho, que à época já estava na faculdade.

Mais tarde usei muito essa máquina e lembro dela com carinho até hoje. Curiosamente, há pouco tempo, fui visitar um amigo que tem uma igualzinha como decoração... que linda! Se pudesse, teria aquela da infância comigo só pra lembrar da Gi menininha querendo escrever histórias...

O barulho das teclas de uma máquina de escrever é sem igual, digitar no computador pode até ser mais cômodo, quebrar menos unhas, mas nada como ser provocada pelo barulhinho das teclas e o sininho avisando que está na hora de mover a alavanca de avanço para mudar de linha e continuar a escrever! Agora, chega de falar da máquina, vamos voltar ao tema central, porque estou digitando e computador adora dar pau quando se sente preterido ou quer simplesmente nos lascar... rsrsrs...

Falei tudo isso para registrar que ontem foi Dia Nacional do(a) Escritor(a)! Uma data que gosto muito de comemorar, primeiro, porque adoro os escritores, sou uma leitora assídua... adoro Literatura brasileira e de tudo que é país, desde que me conquiste e me encante! Os escritores nos proporcionam viajar por diversos lugares fictícios ou reais e nos apresentam a milhares de personagens que nos fazem companhia durante a leitura! Admiro inúmeros nacionais... como os Verissimo (Érico, pai, e Luis Fernando, filho), Machado de Assis, Mário Quintana, Carlos Drummond de Andrade, Chico Buarque, Fernando Sabino, Zélia Gattai, Clarice Lispector, Plínio Marcos, Nelson Rodrigues... e outros tantos!

Em segundo lugar, gosto de comemorar esta data por ter, humildemente, publicado três romances de forma independente, fico feliz em ter tentado entrar pra turma dos que criam histórias! Escrever, pra mim, é uma necessidade, por isso publico duas vezes por semana aqui em meu doce blog! Criar personagens é instigante e adorável... ter meus personagens por companhia é acolhedor! Viva a Literatura Nacional! :)

* Na foto que ilustra esta doce crônica, meus queridos três livros/filhos... "Procurando Sophia", "Infância, o recreio da vida" e "Correndo por aí" ❤️ ❤️ ❤️

quarta-feira, 23 de julho de 2025

É preciso manter-se em movimento!

– Às vezes, penso em fazer yoga!

– Com som de acento agudo ou circunflexo?

– Ahahaha... é mesmo, antigamente a gente falava yóóóga! Agora, dizem que o certo é yôga, com o som do "o" bem fechado!

– Aula de pronúncia à parte, continue...

– Pois é, eu tava dizendo que queria praticar yoga... quando leio sobre o assunto fico animada, mas só de pensar nas poses que é preciso fazer, desanimo...

– Por que, amor? Você sempre foi uma quase atleta!

– Realmente, quase corria, quase ia à academia, quase jogava futebol...

– Como é que é? Você quase jogava futebol? Como nunca me disse antes?

– Talvez pra não aumentar sua patrulha sobre o fato de ser uma quase atleta!

– Que maldade! Eu não faço isso... só me preocupo... antes, a gente ia junto pra academia, caminhando, agora você não quer nem que eu te leve no colo ou de carro... ahahaha...

– Engraçadinho! Você sabe por que parei de ir à academia... meu joelho está levemente estourado...

– Adoro sua delicadeza... levemente estourado... ahahaha...

– Sinceramente, não sei onde está a graça! Ah! Só pra lembrar... você também foi quase jogador de basquete! 

– Parei porque entrei na faculdade e não dava pra conciliar as duas coisas.. o que foi? Não me olha com essa cara de que eu não tinha altura pra isso... em primeiro lugar, eu era armador, não precisava ter dois metros de altura, em segundo, sou bem alto para a média geral!

– Não fica nervoso, meu quase anão! Ahahaha...

– Se 1,85 m pra você é quase anão... fazer o quê?

– Tô brincando, amor! É claro que você é alto... 1,85 m de charme e de preguiça de treinar basquete!

– Ahahaha... não tenho mais energia pra correr uma quadra armando jogo pra um bando de sem noção... mas chega de enrolar e diz logo por que não vai fazer yoga!

– Eu não disse que não vou fazer yoga... só estou refletindo se vale a pena tentar fazer aquelas poses... e se eu não tiver jeito pra coisa? Vou pagar pra ser humilhada... ahahaha... ainda bem que consigo rir dessa miséria toda... ahahaha...

– Ahahaha... o humor é tudo! E quando temos alguém pra rir junto então... aí que ninguém segura a gente!

– Cúmplices na alegria e na zombaria!

– Ahahaa... agora, sinceramente, precisamos voltar a fazer alguma atividade física juntos... ou não... desde que a gente se mexa! Nosso corpo precisa de movimento!

– Será que consigo fazer yoga? Já me disseram que é bom pra quem tem problema de joelho...

– Tem que tentar, amor! Eu te levo amanhã, que tal?

– Nossa, mas amanhã não ia ser nosso dia de folga? Pra gente fazer nada com propriedade e sem culpa?

– Ahahaha... Se a gente organizar direitinho dá pra não fazer nada brilhantemente e depois irmos conferir se você vai se tornar a mais nova praticante de yoga do pedaço!

– Ah! Não exagera, amor! Mas aceito a programação... com uma condição... você tem que ficar o tempo todo me assistindo... ahahaha...

– Melhor filme é te assistir, amor!

– Uau! Que romântico! Pensando bem, já que você falou que precisamos manter nosso corpo em movimento... vem cá que vou te mostrar minhas teorias sobre a necessidade de movimento... ui! 

– Uhuuuuuu! Tirem as crianças da sala! :)

sábado, 19 de julho de 2025

Sobre saber esperar com elegância

Ilustração: Hiro Kawahara 
Sentada, pernas cruzadas, mochila nas costas, Estela sustenta um olhar entre perdido e reflexivo. Esperar exige paciência, leveza e uma boa dose de amor!

Sem piscar, parece uma estátua... daquelas de mármore, como o David de Michelangelo. Sorte que, no caso, ela é uma "estátua sentada", melhor assim, não vai se cansar tanto.

Concentrada, nem percebe a brisa suave que chacoalha de leve seus cabelos, nem ouve o canto dos pássaros na árvore que a abraça com sua adorável sombra acolhedora. Tampouco percebe a joaninha que passeia entre as folhas caídas. Onde será que está o pensamento de Estela que não dá atenção a um cachorrinho brincalhão, com olhinhos de jabuticaba, que passa tentando cheirar seu tênis?

O que será que Estela está pensando? Talvez no ônibus da escola... ou na hora de voltar pra casa pra assistir TV com a avó... quem sabe, está reunindo coragem pra conferir quanto tirou na prova de matemática... ou, ainda, tentando entender por que brigou com as colegas da turma, que conhece desde os tempos de fraldas e mamadeira!

Pode ser que Estela esteja pensando em algo que gostaria muito que acontecesse, mas que não tem ideia se realmente vai acontecer um belo dia... de repente, pode estar torcendo pra crescer logo e resolver os problemas mais periclitantes que a afligem. Ah... eu conto ou vocês contam? Rsrsrs...

Mas e se ela não estiver pensando em nada disso e estar simplesmente tentando relaxar de um dia cansativo? Sua aparente tranquilidade não deixa muitos rastros... mas uma coisa é certa, sua figura me fez refletir sobre como a espera aliada à paciência tornam tudo mais fácil! Pense, imagine, e não se importe demais, Estela! A vida é assim mesmo, ora exige pressa, ora exige calma! :)

* A delicada ilustração que me inspirou a escrever essa doce crônica é do querido Hiro Kawahara (@hirokawahara). Obrigada pela gentileza e parabéns por sua encantadora arte... ❤️

quarta-feira, 16 de julho de 2025

Uma menina e suas descobertas

Em "Clarissa", Erico Verissimo usa toda sua sensibilidade para nos apresentar uma menina de 13 anos, alegre e expansiva, que deixa a cidade natal no interior para estudar em Porto Alegre, onde vai morar na pensão de sua tia, Dona Eufrasina.

Lá a jovem convive com diversas pessoas, entre elas, um músico triste, um major aposentado, seu tio Couto que está há meses desempregado, além do gato Micefufe, do papagaio Madarim e do peixinho Pirulito.

O autor narra as descobertas da menina a partir de sua convivência com os moradores da pensão. Clarissa sonha com o príncipe encantado, admira as belezas da natureza e vive curiosa pelo mundo e pelos mistérios da vida. Um momento de delicadeza é quando, às vésperas de seu aniversário de 14 anos, sua mãe autoriza que use saltos altos... que satisfação... conquistas de menina-moça... rsrsrs...

Prefiro não contar mais detalhes sobre a obra, publicada em 1933, mas preciso falar sobre o Prefácio do autor, datado de 1961. Nele, Erico conta como surgiu a ideia de escrever seu primeiro romance... olha que poético o primeiro parágrafo: "Sob os jacarandás floridos da velha praça da Matriz de Porto Alegre, caminhava uma rapariguita metida no seu uniforme de normalista. Teria quando muito treze anos, seu andar era uma dança, seu rosto uma fruta madura e seus olhos, que imaginei escuros, deviam estar sorvendo com avidez a graça luminosa e também adolescente daquela manhã de primavera. De minha janela eu a contemplava com a sensação de estar ouvindo uma sonata matinal e ao mesmo tempo vendo uma pintura animada..."

O escritor gaúcho sabe como conquistar seus leitores... é de uma elegância e genialidade irretocáveis, tudo que escreve nos encanta! Salve Erico Verissimo! Viva a Literatura brasileira! :)

sábado, 12 de julho de 2025

Aumenta o som...

– Amanhã é Dia Mundial do Rock!

– Vamos aproveitar e cantar todas as nossas músicas favoritas do estilo mais incrível das galáxias?

– Vamos ficar até o ano que vem, no mínimo... ahahaha...

– Ahahaha... exagerada!

– Engraçadinho! Voltando ao desafio... nossos rocks de todos os tempos! Como vamos fazer? Procurar vídeos de cada um cantar e assistir as performances ou vamos só fazer uma lista pra ouvir mais tarde?

– Nossa! Pensei que era só falar, mas se você quer organizar uma playlist...

– Por favor, não fala assim que me irrita... diga uma lista... é suficiente!

– Ahahaha...Tá bom... vamos fazer uma lista! 

Quem começa? Ah! Mas antes de começar, quantas músicas vamos indicar?

– Tô assustado, era só uma brincadeira pra gente comemorar a data!

– Ué? Qual o problema da gente estabelecer algumas regras? Ahahaha... tô brincando... você deu a ideia, comece!

– Assim na lata? Calma, não me olhe assim, amor! The Rolling Stones, Satisfaction!

– Boa! Também adoro!

– Só uma regra: não vale repetir banda ou roqueiro, certo?

– Depois eu é que tô complicando. The Beatles, I wanna hold your hand!

– Doce como você, querida! Kiss, Rock and roll all nice!

– Alice Cooper, No more Mr. Nice Gay!

– Uau! Adoro! Queen, Radio Ga Ga!

– Uhuuuuuu! Guns n' Roses, Sweet child on mine!

– Beleza! Agora vou de rock nacional! Titãs, Homem Primata!

– Ótima indicação! Legião Urbana, Tempo Perdido!

– Ira!,  Dias de Luta!

– Rita Lee, Agora só falta você!

– Erasmo Carlos, Minha fama de mau!

– Elvis Presley, Jailhouse Rock!

– Adoro! O Rei do Rock pra fechar é perfeito! 

– Sabe o que pensei agora... como o Dia Mundial do Rock é dia 13 de julho... vamos fechar a lista com a 13ª... que nós dois amamos desde sempre!

– Ah! Aquela que a gente adora dançar e cantar em alto e bom som?

– Exatamente... vamos gritar juntos?

– (os dois) Talking Heads, Wild, wild life! Viva o Rock!

– E como esta semana tava recheada de datas comemorativas gostosas: Dia Mundial do Chocolate (07/07) e Dia da Pizza (10/07), tava pensando... que tal o cardápio pra gente comemorar o Dia do Rock podia ser pizza e mousse de chocolate ou petit gateau de sobremesa, o que acha?

– Cardápio heavy, hein?

– Ahahaha... é pra compensar porque não escolhemos nenhum representante do heavy metal!

– Justo! Mas posso escolher o sabor da pizza?

– Só se eu puder escolher a sobremesa... 

– Claro, amor! 

– Então, eu vou querer petit gateau com uma bola de sorvete de creme! Comece a pensar no sabor da pizza que você vai querer pra evitarmos aquela agonia... ahahaha...

– Calma, o Dia Mundial do Rock é só amanhã, apressado!

– Sei com quem estou lidando, comece a pensar agora mesmo, querida!

– Sorte sua que adoro você mesmo quando me irrita!

– Sorte sua que adoro você até quando demora horas pra escolher o bendito sabor da pizza!

– Somos muito sortudos!

– Ahahaha... agora, chega de conversa e vem pra cá minha gatinha manhosa! :)

quarta-feira, 9 de julho de 2025

Clássico e revolucionário!

–  Você jogava muito Tetris?

– Aquele jogo que as pecinhas vão caindo e a gente tem de encaixar rapidinho e quando encaixam, elas desaparecem?

– Bela descrição! Esse mesmo! Tava lendo uma HQ do quadrinista norte-americano Box Brown sobre o Tetris e fiquei impressionado! Um cientista da computação da Academia de Ciências de Moscou, chamado Alexey Pajitnov criou o jogo, em 1984, durante seu tempo livre!

– Que legal! Pensei que fosse criação de algum norte-americano... mas e aí? Os caras cresceram o olho pro jogo do russo, né?

– Pois é... ele gostava de criar... e dizia que "jogos e quebra-cabeças revelam muito sobre psicologia e comportamento humano, eles imitam a mente, eles informam vida"!

– Deve ser um gênio, porque pra criar um jogo que conquistou o mundo todo como o Tetris, o cara tem que ser um estudioso...

– Isso mesmo, ele começou a refletir sobre os jogos e a humanidade através dos tempos... a HQ é muito interessante, o autor mostra a evolução humana e sua relação com os jogos e, em um momento, supõe que "talvez os jogos tenham nascido da imaginação dos artistas"... é muito legal esse tipo de colocação... 

– Fiquei curiosa pra ler... a HQ parece apresentar muito mais do que a história do Tetris!

– Inclusive, mostra a guerra que as principais marcas de games como, por exemplo, a Nintendo e a Atari travaram pelos direitos ao jogo criado pelo cientista russo!
 
– Esse aspecto psicológico do jogo muito me interessou!

– Instigante! Olha só esse trecho: "a natureza do jogo causa no córtex pré-frontal do jogador um estímulo constante... as pessoas permaneciam motivadas a continuar jogando e jogando!"... Ad aeternum... ahahaha...

– Ahahaha... exatamente, sabe que na semana passada mesmo, metrô cheio, eu em pé, cheia de sacolas, pra me distrair fiquei observando um cara jogando Tetris, ele realmente estava preso no jogo, nem sei se não perdeu a estação que ia descer... incrível... faz tempo que não jogo, mas nunca fui muito de ficar horas seguidas...

– O legal da HQ é que o autor sabe como contar a história... a partir do jogo, ele vai fazendo correlações com descobertas da ciência e a evolução humana, o que torna a obra envolvente! Tetris foi uma revolução no mundo dos games, mesmo que a intenção de Alexey fosse simplesmente fazer um quebra-cabeça para jogar com os amigos, só para concretizar uma ideia... rsrsrs...

– Conta mais, meu leitor preferido! 

– Nem pensar... tô aqui pra indicar uma HQ e não contar toda a história! 

– Não seja grosseiro, amor! Só queria saber um pouco mais...

– Então, consegui meu intento... pode ler! Quero que você tenha suas impressões pra depois a gente comentar com mais propriedade! 

– Sim, senhor! Peço permissão para começar a leitura amanhã... rsrsrs... 

– Permissão dada! Agora, podemos aproveitar o friozinho pra tomar um chocolate quente!
 
– Boa ideia! Depois podemos escolher algum jogo ideal para dois competidores, o que acha?

– Claro, amor! Com você aceito qualquer desafio! :)

sábado, 5 de julho de 2025

Reflexões sobre a revolução industrial

"A cidade e as serras", do escritor português Eça de Queirós, é uma viagem afetiva, em que o autor faz uma declaração de amor aos encantos de Portugal. A cada página, descobrimos segredos e belas paisagens que despertam, em nós leitores, a vontade de conhecer a terrinha! 

A história, narrada por Zé Fernandes, conta a vida de luxo e desilusões de seu amigo Jacinto Galião, de família abastada portuguesa, mas que nasceu e cresceu em Paris, a charmosa capital francesa. A obra começa mostrando o quanto Jacinto ama a chamada cidade-luz, que na época era modelo de modernidade e progresso. Ao longo da narrativa, o autor  confronta dois estilos de vida: o urbano, da capital francesa, e o rural, de Tormes, nas serras portuguesas. 

Reflexivo, Eça de Queirós critica as consequências da revolução industrial e a rápida urbanização que sacudiram a sociedade durante o século XIX. Aos poucos, o narrador Zé Fernandes percebe mudanças profundas no comportamento de Jacinto, que desolado, mesmo com uma vida social agitada e toda a sorte de aparelhos que a "civilização" e seu dinheiro lhe proporcionavam, começou a se desencantar pelos ares da cidade grande. Tudo muda, quando Jacinto decide ir para Tormes, cidade natal de seus avós... mas não vou contar mais nada, prefiro que cada um viaje e tenha suas experiências na doce serra portuguesa. Leitura fluida e inspiradora, personagens bens construídos... sempre vale a pena ler e reler a obra de Eça! Viva a literatura de qualidade! :)

quarta-feira, 2 de julho de 2025

É cada uma...

– As notícias ultimamente são tão bizarras que dá vontade de sair por aí gritando sem rumo!

– Calma, amor... não fique estressada! De quais notícias, especificamente, você tá falando?

– Tava lendo sobre a empresa de saneamento que resolveu lançar esgoto sem tratamento no rio Tietê com a desculpa de ter que arrumar a cratera que voltou a abrir na marginal! Nem sei o que dizer...

– Lamentável... tudo pela fluidez do trânsito e o rio que se vire... triste demais!

– Claro que é preciso cuidar da segurança dos funcionários, mas daí a poluir ainda mais o principal rio da cidade e do estado é inconcebível!

– E quando a gente pensa que não tem mais ladeira pra descer, vem o tal projeto que quer transformar a Avenida Paulista numa Times Square brasileira! Pra quê? É um retrocesso... a volta da poluição visual!

– Enquanto isso, a desigualdade social ri na cara desse Brasil que não se enxerga, que não cuida de quem mais precisa...

– Agora, querem descaracterizar nossa querida Avenida Paulista... porque não gastam energia e dinheiro melhorando o que mais importa, inclusive, promovendo projetos sociais para mudar a vida dos moradores de rua?!

– Que tal os políticos despoluírem nossos rios, restaurarem monumentos e prédios históricos?

– Às vezes, a gente desanima completamente com tanta insensatez. Eles preferem imitar o vizinho rico ao invés de cuidar do próprio quintal!

– Nossa, esses assuntos são tão pesados...

– Sinceramente, notícias como essas fazem qualquer traço de humor desaparecer!

– Sabe qual é meu sonho?

– Caminhar de mãos dadas comigo por aí até ficarmos absolutamente velhinhos?

– Ah! Isso é nossa meta de vida, amor!

– Não fala assim que eu me emociono, querida!

– Bobo... agora, posso falar, como disse Caetano, do "meu sonho feliz de cidade"?

– Claro, diga... sou todo ouvidos!

– Meu sonho era ver o rio Tietê despoluído, com suas marginais arborizadas, os carros trafegando bem longe dele... as ruas da cidade mais arborizadas e bem cuidadas e a Avenida Paulista com seu charme de sempre, mas com sinalização, zeladoria e segurança em dia!

– É tudo que, nós que amamos a Natureza e nossa São Paulo, queremos, mas sinceramente...

– Ah! Preciso de um café e um passeio de mãos dadas... 

– Boa ideia, vem comigo, precisamos abraçar nossa cidade! :)


* Os créditos das fotos que ilustram essa indignada e carinhosa crônica são de: @mavinho_acoroni (Avenida Paulista) e Divulgação/Governo de SP (Rio Tietê). 

sábado, 28 de junho de 2025

Sobre adorar um cachorrinho e sua turma!

No ano em que Peanuts comemora 75 anos, completei um álbum do Snoopy, o adorável cãozinho escritor. Ah... desde sempre me encanto com a imagem clássica dele no telhado de sua casinha com a máquina de escrever... afinal, temos muito em comum... adoramos escrever e refletir sobre as coisas da vida! 

Já escrevi aqui antes sobre Snoopy, mais precisamente em maio do ano passado, mas tive que voltar ao doce assunto, porque preencher um álbum de figurinhas é uma delicia a qualquer tempo e comemorar décadas de tirinhas que valem a pena ler e reler é uma satisfação!

Charlie Brown, Lucy, Linus, Schroeder, Sally, Patty Pimentinha, Franklin, Marcie, Chiqueirinho e Woodstock são igualmente encantadores, divertidos e nos provocam altas reflexões! Criados pelo grande cartunista norte-americano Charles Schulz, os personagens de Peanuts, publicada pela primeira vez em 1950, nos conquistam justamente por falarem de sentimentos que nos tocam lá fundo, mas de uma maneira tão natural que nos diverte e até nos faz refletir. 

Voltando ao álbum... o mais interessante pra quem é fã de Snoopy e a turma toda é que ele conta a trajetória dos personagens e curiosidades da criação, um belo registro pra ser lido quando der saudade de algo criativo!

Aproveito pra comentar também sobre uma coletânea que comprei porque, além de gostar de tudo relacionado ao Snoopy, adorei a versão da cena clássica da capa e do título: "Você não entende o sentido da vida". Como diz na contracapa, mais de 250 tirinhas sobre... Filosofia de vida! Adoro filosofar!

A genialidade de Schulz torna a leitura fluida, é daquelas coletâneas que nos instigam a ler quando precisamos de aconchego, de algo pra relaxar do estresse cotidiano ou quando dá vontade de abrir em qualquer página pra, simplesmente, rir com as tirinhas sorteadas! Viva Schulz, sua arte irretocável e seus adoráveis/eternos personagens! :)

sábado, 21 de junho de 2025

Delícias de inverno...

– Chegou o inverno! Adoro os dias frios... ventinho bom... sensação gostosa!

– Pena que não temos neve!

– Um fenômeno natural tão bonito, mas como não cai neve por aqui...

– ... voltemos às alegrias do inverno!

– Beleza... eu começo: ler no sofá, enrolada numa manta, de meia de lã daquelas até a canela... 

–... e de gorro! Tomar um café... acompanhado de um bolo bem macio... conversar à toa, por longos minutos, quiçá horas!

– Deitar cedo... com cobertor, edredon... apagar o abajur e ficar conversando no escuro!

– Preparar uma canja caprichada e comer com pãozinho francês.

– No caso, eu preparo a canja e você vai à padaria providenciar os pãezinhos...

– Sim... canja, você faz muito melhor que eu, querida! Agora... se for o chocolate quente, é comigo!

– Claro, meu chocolatier mais competente das galáxias! Adoro quando você traz naquela caneca grande...

– ... acompanhado pelas bolachinhas de baunilha que você aprendeu com sua avó fica irresistível!

– Ah! A gente sempre se completa, amor! Mas vamos falar mais sobre o inverno...

– Lembrei de uma que é puro aconchego! Bolinho de chuva... com café... simples e sofisticado!

– Ahahaha... adoro fazer, mas confesso que os seus saem mais bonitinhos...

– Tá me elogiando muito hoje, hein, tá querendo alguma coisa?

– Várias... ahahaha...

– Sei que o friozinho dá mais fome, mas o que você quer tanto?

– Ah! Você falou de bolinho de chuva... fiquei com vontade... faz pra nós, amor?

– Pedindo assim... com essa cara de pidona... ahahaha... eu faço! Mas tem uma condição...

– ... que eu faça o café coado!

– Menina esperta! Café coado é mais do que perfeito, só ele combina com bolinhos de chuva!

– Você percebeu que a gente só falou em bebidas e pratos variados, que coisa, parece que a estação é só gastronomia... ahahaha...

– Não seja indiscreta... claro que pensei em um monte de outras coisas boas pra se fazer nos dias frios... só não quero expor nossa intimidade... ahahaha...

– Nossa, agora me animei... o que você pensou de tão íntimo assim que não pode comentar agora...

– Ah! Se preferir, podemos falar mais sobre isso... posso deixar o bolinho de chuva pra mais tarde...

– Uau! Uma conversa tão pueril sobre acepipes que combinam com o inverno... esquentou, hein?

– Ahahaha... aqui é chapa quente! :)

quarta-feira, 18 de junho de 2025

Natureza ameaçada

– Fico impressionada com a capacidade de destruição do ser humano!

– Tá falando das guerras variadas que, infelizmente, estão acontecendo no mundo?

– Claro que as guerras todas são insanas e lamentáveis, mas eu tava pensando...

– Compartilhe seus pensamentos, amor!

– A ameaça de extinção das abelhas já me assusta, não só por serem polinizadoras de importância ímpar, mas também por nos brindarem com a delicadeza do mel, uma das maravilhas de todos os tempos!

– Ah! Realmente, mel não pode faltar em nossa casa... mas lembrei daquela abelha que você amassou outro dia... ahahaha... que relação é essa de amor e ódio, hein, querida?

– Amor pelo mel que ela produz, mas ódio não, na verdade, medo do ferrão que pode me machucar... 

– Entendi que você tá preocupada com o extermínio das abelhas, também acho isso muito sério e devia ser mais discutido pra ser evitado, mas você começou dizendo que a extinção das abelhas já te assusta, presumo que esse era só mais um agravante... prossiga.

– Adoro sua perspicácia, amor! Realmente, lembrei das abelhas porque são tão delicadas quanto...

– ... quanto o quê?

– Calma, apressado... eu tava pensando... e pensar exige tempo, reflexão.

– Nossa, fala logo, parece que vai escrever um livro de autoajuda... socorro... você sabe que prefiro outro tipo de literatura... ahahaha...

– Você tem certeza que quer continuar conversando, como adultos que somos, pelo menos no RG?

– Ahahaha... adoro suas ironias, mas chega de interromper seu pensamento... fala logo, amor... além da situação das abelhas, o que te aflige?

– Tava lendo aleatoriamente e me deparei com uma notícia triste... os vagalumes estão desaparecendo do planeta... por causa da mania do ser humano de arruinar o meio ambiente!

– Peraí, mas os vagalumes também estão em extinção?

– Sim! As principais ameaças são perda de habitat, uso de pesticidas e o excesso de luz artificial. Pra diminuir esse risco, a primeira coisa a fazer é a conservação das áreas naturais e aí é que tá o problema... as áreas verdes são devastadas frequentemente, dá até medo que daqui a pouco não tenha nem o que conservar.

– Não fala assim, amor! Mas que coisa... os vagalumes ameaçados... é muito triste pensar que podem desaparecer. Eles me lembra a infância,  a gente ia no quintal à noite ficar vendo as luzinhas...

– Ah! Tão lindos com aquela luz brilhando nas bundinhas! Eles também me lembram da infância... os quintais eram tão mais poéticos... desafiadores!

– Hoje, nem se tem mais quintais... e quando tem é tudo azulejado, tem criança que nem sabe o que é terra!

– Prefiro nem comentar! Voltando aos vagalumes... ah... eles são polinizadores e predadores naturais de pragas agrícolas... ou seja, colaboram para o equilíbrio ecológico!

– É revoltante, eles tem valor e deveriam ser mais respeitados! É uma falta de humanidade acabar assim com os bichinhos!

– Vagalumes e abelhas em extinção. Como ficamos nós, seres humanos sensíveis, em meio a tanta tecnologia, desamor e egoísmo?

– É difícil, amor! Somos do time dos encantados pelas delicadezas e sutilezas da Natureza!

– Que lindo, meu polinizador preferido!

– Opa... acabou o momento reflexão? Então, vem pra cá, minha doce abelhinha! :)

sábado, 14 de junho de 2025

Um belo conto de Tolkien

Estava eu em uma feira do livro, quando um exemplar de "Ferreiro do Bosque Maior" me chamou a atenção especialmente por ser de J. R. R. Tolkien... nem quis ler a quarta capa pra saber do que se tratava, pra mim, bastava ser do autor de "O Hobbit", que adoro! Tinha certeza que seria uma leitura agradável e instigante como suas melhores fantasias!

Último conto de Tolkien, a obra é uma delicadeza! Com ilustrações de Pauline Baynes, a história se passa em Bosque Maior, uma vila conhecida pela tradicional Festividade das Boas Crianças, celebrada a cada 24 anos. O ponto alto da festa é o Grande Bolo, dividido entre 24 crianças convidadas. Desta vez, uma das fatias trazia uma estrela mágica que levou Ferreirinha, o menino premiado, a conhecer os encantos e os perigos de Feéria, o Reino das Fadas. Ao longo de sua vida, Ferreirinha manteve as andanças por Feéria e foi se familiarizando com seus recantos e mistérios. 

Como sempre, o autor nos dá a oportunidade de mergulhar em uma viagem, ao mesmo tempo, encantadora e reflexiva... uma boa oportunidade para esquecer um pouco as mazelas do mundo real. Viva Tolkien, sua obra repleta de fantasia e sua habilidade em nos lembrar que se soubermos apreciar as coisas simples da vida vamos perceber que é nelas que mora a verdadeira beleza. :) 

quarta-feira, 11 de junho de 2025

No reino de Shandramabad

"A Rainha dos insetos" é mais uma grafic novel com roteiro do querido belga Zidrou (de "Verões Felizes", "A baleia biblioteca" e etc.), com arte do francês Paul Salomone.

No reino de Shandramabad, a narrativa começa com a morte do rei durante uma caçada, deixando a rainha Shikara, grávida de gêmeos. A partir daí, ela passa a dedicar todo seu amor aos filhos Jalna e Gorakh. Nas vésperas de completarem 14 anos, a rainha os presenteia com um casal de exuberantes pássaros-vulcão! O que Shikara não imaginava é que essa ave fosse causar tanta dor. Encantado com o presente, o curioso Gorakh solta a ave para apreciar seu voo, mas empolga-se e tem uma queda fatal da janela do palácio.

A rainha fica desconsolada e sua ira transforma o reino e a vida da filha, que tenta resistir à autoridade cada vez mais insana da mãe. Em meio ao caos, Jalna tem seu destino mudado quando conhece o ladrão Akbar... então, a história ganha novos rumos, mas vou parar porque o Zidrou conta melhor... rsrsrs... 

Só não posso deixar de falar da beleza da arte de Salomone, com cenários, figurinos e personagens inspirados na cultura indiana, que nos leva, ao longo das páginas, por uma viagem de encantamento. É uma ótima pedida pra quem gosta de mergulhar no universo dos contos fabulosos. Viva a genialidade de Zidrou, que além de escrever ótimos roteiros, sabe sempre escolher os melhores parceiros/ilustradores! :)

sábado, 7 de junho de 2025

Sabino em dose dupla

Por esses dias, mergulhei nas divertidas mineirices de Fernando Sabino. Comecei lendo a coletânea "O homem nu". Em seus quarenta contos e crônicas reunidos nesta edição, o autor nos surpreende nas diversas situações em que mostra as sutilezas da natureza humana. Uma leitura fluida recheada de humor, sensibilidade e pitadas de ironia! 

O conto que dá título à coletânea é o destaque... um homem, que está em sua casa, numa manhã comum, se despe pra tomar banho e enquanto espera a mulher sair do banheiro, resolve fazer um café... e pegar o pão na porta de serviço e eis que um vento, sabe-se lá se noroeste... resolve deixá-lo em uma situação nada agradável... rsrsrs... vou parar de contar, mas recomendo esta obra de Sabino pra quem quer uma leitura leve e aconchegante!



Em seguida, embarquei em "O grande mentecapto", que narra as aventuras e desventuras de Geraldo Viramundo numa verdadeira saga pelas cidades mineiras. Acompanhamos Viramundo desde criança e ao longo de sua vida, um personagem muito bem construído, generoso e absurdamente destemido em sua inocência infinita.

A história é envolvente, ora hilariante, ora emocionante... e quando percebemos, estamos torcendo por Viramundo, o menino nascido em Rio Acima, que resolve ganhar o mundo, no caso Minas Gerais, indo de cidade em cidade, vivendo situações inusitadas e surpreendentes. Viva Sabino! Aplausos à inventividade dos escritores brasileiros! :)

quarta-feira, 4 de junho de 2025

Pinhão é afeto

Junho chega trazendo belos dias friozinhos e as queridas festas juninas com suas bandeirinhas, quadrilha, barraca da pesca... e suas adoráveis guloseimas: pamonha, curau, bolo de milho, canjica, arroz doce, maçã do amor, milho cozido, cuscuz paulista (adoro)... mas, sinceramente, pinhão é o meu preferido!


Nessa época do ano, quando vou ao mercado, ainda que esteja apressada, o pinhão sempre me chama a atenção e, charmoso, me convence, na hora, a comprá-lo! 

Gosto de cozinhar um bom punhado e saborear ainda quente, quietinha em casa, enquanto leio, escrevo ou, simplesmente, descanso! Parafraseando a canção: um dia frio, um bom sofá pra ler um livro e um pratinho cheio de pinhão... ahahaha... isso é que é poesia gastronômica!

Tudo bem que descascar pinhão pode não ser muito fácil, até dá um certo trabalho, mas comer é tão bom que compensa qualquer unha lascada... ahahaha...

Existem comidas que são afetivas e, pra mim, assim como café com bolo, pinhão também é aconchego e quando esse mês chega tento manter a tradição de comer o acepipe ao menos uma vez!

Claro que o ambiente costuma ser agradável, as brincadeiras encantadoras, as quadrilhas divertidas, o clima acolhedor, mas se tem pinhão, faço minha própria festa junina... rsrsrs... Viva Santo Antônio, São João e São Pedro! Viva nossos arraiás! :)

sábado, 31 de maio de 2025

Um simpático senhor

– E o Pateta que completou 93 anos!

– Tá aí um senhor gente boa... generoso, divertido...

– E ingênuo... esse é o charme dele! Que cara é essa, amor?

– Você realmente acha o Pateta charmoso?

– Acho... por quê?

– Nada demais, mas sempre achei bizarro o Pateta ser um cachorro/gente e o Pluto, um cachorro/cachorro!

– É verdade... são as doces licenças poéticas!

– Claro! Não tenho nada contra, só acho curioso!

– Agora, o mais engraçado é que enquanto o Pateta tem roupa da cabeça aos pés, o Donald, por exemplo, só usa chapéu e casaco e o Mickey, calça e sapatos! Ahahaha...

– Você fica observando como os personagens estão vestidos?

– Ahahaha... tá com ciúmes?

– Ahahaha... minha falta de noção não chega a esse nível! 

– Ufa! Fico aliviada, amor!

– Tô sempre te surpreendendo, hein, querida? Ahahaha...

– "Você é mais do que sei, é mais que pensei, é mais que esperava, baby..."

– Ah... e "você é algo assim, é tudo pra mim, é como eu sonhava, baby..."

– Que momento ternura!

– É a energia do Pateta... é fato, ele inspira leveza, alegria!

– Exatamente... e o Tim Maia também, com sua poesia e suinge eternos!

– Pra completar, só falta...

– A gente cantar parabéns pro Pateta?

– Tava pensando em algo mais romântico... mas aí você vem com o Pateta de novo, cortou todo o clima proporcionado pelo Tim!

– Ahahaha... desculpe, amor! O que você tava pensando?

– Depois dessa risada, o romantismo caiu por terra!

– Não fica bravo... vamos colocar o vinil do Tim que a gente comprou na semana passada...

– "Sou feliz agora, não, não vá embora não..."

– Ô homem charmoso, você, hein?! :)

quarta-feira, 28 de maio de 2025

Passagem do tempo


"Haya e o Tempo", com roteiro de Janaína de Luna e arte de Pedro Cobiaco, é uma delicadeza! A história tem como cenário a Amazônia e é narrada pela própria floresta. 

Poética e emocionante, a HQ conta a jornada de duas indígenas, a menina Haya e a anciã Kurema, que são eleitas para proteger uma criatura que a cada 100 anos tem a missão de atravessar a floresta de um lado a outro, carregando o tempo nas costas.




O roteiro traz belas lendas indígenas brasileiras entremeadas às reflexões sobre a passagem do tempo tanto na visão da natureza quanto na do ser humano, destacando suas diferenças.

A arte complementa a narrativa, com cores vibrantes, personagens simpáticos e bem construídos, além da dupla de protagonistas fortes e, por vezes, bem-humoradas. O charme fica por conta da criatura que carrega o tempo nas costas, uma doce tartaruga gigante! 

Leitura agradável, divertida e, ao mesmo tempo, sensível ao mostrar os riscos enfrentados pelos povos originários e pelas florestas. É sempre bom lembrar que precisamos cuidar e reverenciar a Natureza e suas preciosidades! :)

sábado, 24 de maio de 2025

Bebida aconchegante

Ilustração: Kleverson Mariano
– Oba! Hoje é Dia Nacional do Café!

– Temos que comemorar!

– Claro! Vamos comemorar agora mesmo, amor!

– O que você está pensando?

– ... em tomar café!

– Engraçadinha!

– Ué, a melhor forma de comemorar a data é tomando café!

– Ok... tô indo...

– Tá indo pra onde?

– Pra cozinha, fazer café!

– Nem pensar! Achei que quisesse sair e fazer da nossa tarde a mais agradável do planeta!

– Quando perguntei o que estava pensando em fazer, respondeu de forma tão seca que a partir daí entendi que era só pra fazer um café e pronto.

– Bobo, ironizei e você não entendeu... deve ser falta de café no organismo... ahahaha...

– Ahahaha... tá perdoada, amor! Mas, então, onde quer ir comemorar?

– Vamos dar uma olhada na relação de cafeterias que já fomos e escolher a ideal...

– Ótimo, vou pegar nosso caderno de endereços! Olha... essa aqui a gente conheceu por acaso, lembra?

 Sim, adorei... mas é longe... vamos ver outra! Ah... essa é mais perto. Que tal?

 Sinceramente? Tô sem vontade, é sempre tão cheia... e tem fila de espera pra entrar... hoje não podemos esperar, nossa comemoração é urgente... ahahaha...

 Ahahaha... Tenho que concordar... E essa que fica perto do seu primo? Pela sua cara, é melhor evitar? Ahahaha...

– Não seja grosseira... meu primo é gente boa, mas não quero arriscar encontrar ninguém conhecido... Nossa comemoração é só entre nós e o café!

– Ah! Adorei, amor! Já sei...

– ... então, diga minha xícara de porcelana!

– Ahahaha... chega de procurar cafeteria...  vamos comemorar na...

– ... nossa querida padaria da esquina! Uhuuuuuu... Boa ideia!

– Então, vamos logo, meu pires de porcelana com frisos dourados... ahahaha 

– Uau... Quer dizer que sou seu pires? Tô aqui pensando... 

– Imagino,  amor... ahahaha... mas, agora, vamos ao café! :)


* Agradeço, mais uma vez, a generosidade de Kleverson Mariano (@kleverson_mariano) em autorizar que eu ilustrasse minha saborosa crônica com sua arte... 😉

quarta-feira, 21 de maio de 2025

Filosofia da vida

– Ah! Perdemos o mais doce e generoso pensador contemporâneo...

– Sim... Pepe Mujica! Um dos mais dignos seres humanos que a vida nos deu!

– Fiquei tão impactada quando soube da notícia que nem quis comentar, preferi refletir...

– É verdade, também preferi lembrar dos ensinamentos desse uruguaio gente boa...

– Foi torturado e preso pela ditadura de seu país, mas soube viver e nos emocionar com sua sabedoria! 

– Foi presidente, mas não se corrompeu com o poder, muito pelo contrário, continuou vivendo na simplicidade... sempre dirigindo seu Fusca azul, tão carismático como ele próprio!

– Pepe e seu Fusca eram um charme! A primeira vez que vi aquele vídeo em que ele fala sobre trabalho até chorei: "A vida não é só trabalhar. Há que se deixar um bom capítulo para as loucuras que cada um tem...". Parece que naquele momento era exatamente o que eu precisava ouvir... e me fez refletir muito... 

– "Você é livre quando gasta o tempo de sua vida com coisas que te motivam, que você gosta"... concordo muito, em outras palavras, se joga naquilo que te dá prazer!

– "A vida é uma aventura"! Sim, Pepe, por isso, estamos sempre procurando o que nos faz feliz, nos faz abrir um sorriso, nos faz querer muito mais ser do que ter!

– Grande Mujica! Inspirador que só ele!

– Um mestre, dono de palavras gentis e certeiras... fará falta nesse mundo de tantos pobres de alma... mas será sempre lembrado por sua contribuição inestimável à humanidade.

– Nossa, amor... assim você vai me fazer chorar...

– Chora, bobo... a vida sem emoção não tem graça... Vamos tomar um café?

 – Opa! Café é sempre bem-vindo! Só que desta vez vamos brindar à sabedoria e à simplicidade do Pepe!

– Ao Pepe! Mas vamos logo aproveitar este belo fim de tarde, porque, como disse nossa totalmente premiada Fernanda Torres, "a vida presta"!

– E deve sempre ser celebrada! :)


* Esta é minha singela homenagem ao admirável e querido Pepe Mujica! A ilustração é de um caderninho que comprei, no ano passado, quando fui a uma cafeteria com meu irmão (Gé), um rapaz passou nas mesas vendendo e não resisti!

sábado, 17 de maio de 2025

Galope revolucionário

"Por uma fração de segundo - A vida movimentada de Eadweard Muybridge", do quadrinista canadense Guy Delisle, conta a história de um jovem inglês que, no século XIX, resolve tentar a sorte nos Estados Unidos.

Pioneiro da fotografia, Muybrige conseguiu registrar pela primeira vez o galope de um cavalo, comprovando a teoria do magnata das ferrovias Leland Stanford de que os cascos não tocam o chão enquanto o animal galopa em velocidade.

Estudioso e obstinado, o biografado inventa a fotografia em lapso de tempo, capturando o movimento de forma mecânica, contribuindo não só para o desenvolvimento da fotografia como do cinema.

Delisle é bastante didático ao mostrar as descobertas de Muybrige e, ao mesmo tempo, nos brinda com um enredo empolgante, apresentando tanto o lado criativo e genial de Muybrige como sua vida conturbada, marcada por traição e tragédia.

A arte do quadrinista também merece destaque com seu traço estilo cartum, rica em detalhes, o que torna a leitura leve em uma narrativa, por vezes, bastante tensa. Vale a pena não só para quem admira biografias, fotografia e cinema, mas, acima de tudo, para quem gosta de uma boa HQ! :)