sábado, 29 de novembro de 2025
Sobre sonhos
quarta-feira, 26 de novembro de 2025
Poesia ilustrada
Na semana passada, fui visitar a exposição "Drummond em cena", no Conjunto Nacional, na Avenida Paulista! A mostra, que reúne 10 ilustrações inspiradas na obra de Carlos Drummond de Andrade é um belo passeio pra quem, como eu, adora quando a Literatura dialoga com as Artes Visuais!
sábado, 22 de novembro de 2025
Um talento criativo injustiçado
Baseada no livro "Bill the Boy Wonder: The secret co-creator of Batman", que o autor norte-americano Marc Tyler Nobleman escreveu após longa investigação sobre Bill Finger, a HQ mostra depoimentos de personalidades da época, que trabalharam com o roteirista e reiteraram a importância dele como o verdadeiro criador da persona de Batman, temperamento, história e origem, inclusive, elementos como o traje, a sombria Gothan City e toda a complexidade de Bruce Wayne. Mesmo com uma participação no desenvolvimento do homem-morcego muito maior que a de Kane, que apenas idealizou o visual do personagem, Bill não foi reconhecido em vida. Por isso, acredito que o maior mérito da HQ é trazer à luz, mais uma vez, alguém que viveu à sombra de uma indústria injusta que passou a creditar o nome do criador de Batman apenas em 2015, ou seja, 76 anos depois de sua primeira publicação, em 1939.
quarta-feira, 19 de novembro de 2025
A genialidade de um grande escritor
O mérito do autor está em nos apresentar um enredo irretocável que, mesmo apresentando temas delicados e tensos como traição, suicídio, incesto e intrigas, nos envolve em uma narrativa rica e extremamente humana. Os personagens são realmente memoŕaveis e conquistam o leitor pela forma como tentam enfrentar os problemas, como encaram a vida. As conversas entre Carlos e João da Ega são um caso à parte, sejam as mais filosóficas, sejam as mais mundanas, carregam sempre boas pitadas de ironia.
Recentemente, li também "O Mandarim", um dos contos fantásticos de Eça, que conta a história de Teodoro, um funcionário público que leva uma vida pacata e monótona, sem muitas aventuras... até que um pacto que envolve uma certa herança muda sua vida.
sábado, 15 de novembro de 2025
Bússola quebrada
– O quê?
– É como se eu estivesse sem rumo, mas ao mesmo tempo, com mil ideias... otimistas, sonhadoras e inspiradas!
– Uau! Mas, então, qual o problema?
– Difícil de entender? Pode ser, mas refletir é bom, abre horizontes!
– Ué? Onde está a insegurança que você tava sentindo há segundos atrás, quando introduziu sua bússola quebrada em nossa conversa?
– A insegurança e o medo adoram marcar presença durante minhas reflexões... normal! Mas o segredo é...
– ... tá com medo? Vai com medo mesmo! O importante é não desistir!
– Pois é, sempre em frente! Nem que esse "em frente" seja sem rumo definido, em uma estrada sinuosa, afinal, curvas são sempre bem-vindas, dão emoção à caminhada!
– Gosto assim! E lembre-se que a caminhada pode até parecer solitária, mas faço parte de sua torcida organizada...
– Obrigada, amor! E mesmo que sejam poucos nessa torcida, tudo bem, não procuro quantidade, o que me encanta é qualidade!
– Ah! Você é que me encanta, amor! E não fique mais tensa, essa sensação vai passar.
– Você acha que retomo meu rumo?
– Claro! Foi só um tropeço, uma rasteira, chame como quiser... o importante é que estou aqui pra te segurar!
– Tô melhor! Acho até que minha bússola está voltando a indicar o Norte... rsrsrs...
– Ah! Tá vendo, sei como lidar com seus descarrilamentos, querida! Vem cá que te ponho nos trilhos... rsrsrs...
– Não seja insensível... eu externando minhas aflições e você fazendo graça!
– Calma, amor! Só queria te deixar tranquila e dizer que tô aqui pra resolver seus problemas... ahahaha...
– Ahahaha... se oriente, rapaz! Da minha bússola cuido eu!
– Ih! Tá revoltada... não quer mais que eu cuide de sua bússola?
– Ê quinta série!
– Ahahaha... mas eu tô falando da bússola mesmo, aquela que tem os pontos cardeais... norte, sul, leste, oeste!
– E essa cara de canalha?
– É especial pra você... então, vem logo e me dá um abraço, porque abraçar quem a gente gosta é um santo remédio pra sensação de bússola quebrada, já dizia minha avó!
– Sua avó dizia isso mesmo?
– Sei lá... modo de dizer... ahahaha... essa expressão, sim, tenho certeza que minha avó falava... e, como você pode ver, passou de geração em geração... ahahaha...
– Ahahaha... bobo! Então, chega de conversa, quero esse seu abraço reparador!
– É pra já! :)
quarta-feira, 12 de novembro de 2025
As primeiras tirinhas
Ao longo das páginas, podemos ver que o menininho charmoso que troca a letra "r" pela "l" desde sempre gostou de pregar peças nos colegas e, inclusive, já provocava Mônica, a menina baixinha e cheia de atitude que, por sua vez, veio a se tornar nossa mais do que querida dona da rua!
sábado, 8 de novembro de 2025
A alegria de visitar uma livraria
Tudo bem que durante a pandemia, por pura necessidade de ler enquanto o mundo parava, acabei recorrendo aos livros eletrônicos... agradeço a companhia deles, mas nada como ter um livro físico em mãos, destacar os trechos que mais nos marcam na obra. No meu caso, uso marcadores de papel, não gosto de grifar nem anotar nas páginas, mas cada um na sua, quem gosta, beleza! O importante é ler e aproveitar tudo que a leitura tem de bom!
Esta semana, fui a uma livraria e até esqueci a dor na coluna... rsrsrs... pelo menos, enquanto andava por entre as estantes e me encantava com escritores conhecidos e garimpava novos universos literários! Ir ao encontro de livros e HQs é sempre bom, ainda que seja só pra passar no leitor do código de barra e assustar com o preço... rsrsrs... Ou organizar o bolso pra, quem sabe, comprar numa próxima vez e se o orçamento permitir, ter a satisfação de sair com a sacolinha recheada! Sim, claro que também apoio as bibliotecas! Elas são democráticas, inclusivas e generosas, mas é que sempre tem aquele autor ou autora que a gente quer e precisa ter em nossa estante, aí a livraria nos garante as aquisições desses livros que nos são especiais.
Mas voltando às livrarias, prefiro as de rua, são adoráveis e nos proporcionam passeios incríveis. Além de perambular por diversos gêneros litérarios, podemos fechar a programação tomando um café... adoro livrarias com cafeteria como, por exemplo, a Martins Fontes da Paulista, a Livraria da Vila da Fradique Coutinho... e até a Realejo, de Santos (cuja visita cultural pode ser um bate-e-volta com direito a uma caminhada na praia).
Ah! Só queria registrar meu amor pelas livrarias e dizer que elas são meu passeio preferido, desde que a programação inclua café e bolo... rsrsrs... Viva as queridas livrarias de rua! Viva a Literatura e seus encantos! :)
quarta-feira, 5 de novembro de 2025
Memórias e poesia em quadrinhos
Sempre que voltava do mar, todos paravam para ouvir as histórias do marinheiro até que um dia ele não consegue mais se lembrar delas. Então, decide retornar ao mar para tentar recuperar suas lembranças e, a partir daí, vive várias situações curiosas e bastante reveladoras.
Ah! A HQ é encantadora não só por ter como cenário o mar e seus mistérios, mas também por nos apresentar um protagonista tão humano e simpático como o velho Smith, que nos faz refletir sobre nossas próprias lembranças! Aplausos para Orlandeli e seu mais do que merecido Jabuti! Viva as HQs brasileiras! :)
sábado, 1 de novembro de 2025
Bela ilustração e boas reflexões
Quando comprei "Celestia", do italiano Manuele Fior, no ano passado, fiquei curiosa para ler, também porque adoro ilustração em aquarela. Confesso que a primeira vez que li, não entendi nada... rsrsrs... e guardei na estante pra tentar mais tarde. Passaram-se meses e toda a vez que eu comprava uma nova HQ ou novo livro tinha a impressão que Celestia me olhava com uma lágrima no rosto, como a de seu protagonista, Pierrô.Já a segunda tentativa de leitura deu certo! Em primeiro lugar, quero dizer que a ilustração aquarelada de Fior é de uma sensibilidade e uma beleza que, certamente, nos ajuda a compreender melhor o universo criado pelo italiano!
A narrativa é sobre a chamada "Grande Invasão", que devastou o continente, quando alguns sobreviventes encontraram refúgio em Celestia, uma pequena ilha de pedra, construída há mais de mil anos.
Os protagonistas Pierrô e Dora vivem com um grupo de jovens telepatas, mas por diversas razões, resolvem conhecer o continente, onde adultos são guardiões do "mundo antigo".
A leitura é uma sucessão de belas imagens e diálogos que nos provocam reflexões sobre a humanidade, suas fraquezas e complexidade. É uma HQ que exige mente aberta para absorver toda a sensibilidade de seu autor.
quarta-feira, 29 de outubro de 2025
Encontro especial
Naquela tarde, a chuva fina e fria deixava o dia introspectivo, ainda assim, Antoine decide fazer seu passeio diário. Sobretudo, cachecol e guarda-chuva, ele sai pelas ruas de Paris. Desde criança, sempre gostou de sair na chuva, inclusive, adorava brincar pulando nas poças para espalhar a água ou dançar imitando Gene Kelly no famoso filme de Hollywood. Porém, agora, só se permite andar calmamente ouvindo o alegre tamborilar dos pingos no guarda-chuva, o que considera um enorme prazer.
Quando dobra a esquina, Antoine se depara com uma rua quase vazia, a não ser pela presença delicada de uma senhora muito elegante, mas nada previdente... está sem guarda-chuva... será que está desorientada?
Ora, Antoine, que exagero... desorientada! Vai ver é apenas uma mulher que não se preocupa com convenções, afinal, tomar chuva não é uma contravenção, mas pode ser considerada contraindicada para pessoas com problemas respiratórios que, obviamente, devem evitar as mudanças bruscas de temperatura.
Assim de longe, ela parece bonita e, pelo que percebo, está olhando pra mim... o que será que está pensando? Será que estou bem vestido para a ocasião? Que ocasião, Antoine? Olha o exagero de novo, concentre-se no passeio. Mas que essa senhora está olhando pra mim está. Ela tem um cabelo bonito... e esse casaco de poá lhe cai muito bem!
Não sei se atravesso a rua, sei lá, pode pensar que estou flertando e se ofender. Vou ficar mais um pouco, quem sabe ela dá o primeiro passo... chato é ficar aqui de guarda-chuva vendo uma dama desprotegida.
Do outro lado da rua, Blanche parece irritada... adora dias chuvosos, mas, foi surpreendida... não acredita que esqueceu de pegar o guarda-chuva! Olhando indignada para o céu, se pergunta: Como assim? O dia nasceu tão limpo!
Parada na calçada, ela sente os pingos escorrerem pelos cabelos e, aos poucos, serem represados no cachecol, mesmo assim não perde a elegância! Sorte que a chuva é fina, basta apenas ser ágil e correr até a cafeteria mais próxima. Uma boa xícara de café sempre resolve os problemas, pelo menos, os mais simples como ser pega desprevenida por uma chuva que não avisou que cairia.
Só quando olha para frente, Blanche vê um homem, de guarda-chuva, do outro lado da rua... este é prevenido! Aposto que é organizado... se veste bem, gostei do cachecol. Ah! Por favor, não romantize a cena, é apenas um senhor se preparando para atravessar a rua. Mas é elegante!
Quanto tempo será que estou parada nesta esquina? Parece que estou enraizada nesta calçada! Qual o problema, Blanche? Talvez o problema seja estar sempre esperando que um herói venha me salvar... mesmo que o perigo seja apenas pegar um resfriado... rsrsrs... Por que estou falando de herói? Que coisa mais sem pé nem cabeça! Bem que ele poderia ser cavalheiro, vir ao meu encontro e me proteger da chuva... olha aí, de novo, divagando como uma adolescente.
Decididos, começam a atravessar a rua... passos lentos e olhos pregados um no outro, como se estivessem conectados por um ímã. Antoine traz um sorriso tímido estampado no rosto e Blance, um brilho discreto no olhar!
No meio da rua, estendem a mão para um cumprimento formal. Boa tarde, sou Antoine! Boa tarde, meu nome é Blanche! Posso lhe dar uma carona em meu guarda-chuva? Claro, seria um prazer. Estava pensando em tomar um café, posso convidá-la? Incrível, pensei nisso logo que parei naquela esquina... se puder me acompanhar, Antoine, vou adorar! Estou aqui para isso, Blanche!
De repente, ele dá um salto da poltrona como se acordasse de um sonho... Blanche está na sua frente com uma bandeja na mão. Fiz café... você estava dormindo? Não, querida, estava lembrando. Ah! Com essa chuvinha, já sei o que estava lembrando: de nosso encontro em Paris! Antoine dá uma piscadela e começa a arrumar espaço na mesa para a bandeja do café. Você pode me ajudar, cortando o bolo, querido? Claro, Blanche... continuo aqui para isso! :)
* A foto que ilustra essa romântica crônica é de minha autoria, como meus personagens, também adoro ouvir o barulhinho da chuva e admirar as gotas d'água escorrendo pelo vidro da minha janela! ❤️
sábado, 25 de outubro de 2025
Uma obra inquietante
Orientada por meu irmão Gerson (leitor assíduo e contumaz, além de historiador), resolvi deixar para me jogar em "Crime e Castigo" posteriormente, mas pra ir me preparando, ele me presenteou com "O Sósia", uma leitura inquietante e envolvente.
Logo na primeira página, o protagonista me conquistou e aguçou minha curiosidade para conhecer seu mundo e suas sensações. E desde o início, o senhor Goliádkin já se mostra uma pessoa levemente atormentada... rsrsrs... nada que não tenha se agravado a partir do momento em que entra na história seu tal sósia, que o atormenta, ao longo das páginas, deixando-o em um estado de abandono e ansiedade que só mesmo um gênio da Literatura para criar uma narrativa com tamanha tensão psicológica. Confesso que me afeiçoei ao senhor Goliádkin e torci por ele até a última linha.
Gosto de como Dostoiévski cria Goliádkin, um misto de ingênuo, inseguro, irônico e, acima de tudo, resiliente (olha eu lançando mão de uma palavra que tá na moda... rsrsrs)... porque por mais que ele estivesse enfrentando uma situação horrorosa e, por vezes, sem saída, ele sempre pensava: "Não é nada... tudo isso ainda pode muito bem melhorar". Como não torcer por um cidadão assim?
O autor sabe fazer crítica social e política sem deixar de se valer do humor para mostrar as fraquezas e vilanias humanas. Aplausos para a genialidade de Dostoiévski! :)
quarta-feira, 22 de outubro de 2025
Banca de jornal, HQs e desenhos animados
A banca de jornal em questão ainda parece as antigas, entrei e comecei a olhar as hqs. Sabe aqueles dias em que você quer ler alguma coisa que te transporte para um mundo menos hostil do que o que estamos enfrentando? Então, entrei decidida a encontrar um gibi barato, que me divertisse, provocasse risos e aquela sensação leve que só os desenhos animados de décadas atrás conseguiam!
Pois é... entre tantas histórias em quadrinhos, descobri uma de "Os Flintstones" e outra de "Os Jetsons"! Com um precinho legal, nem cheguei a titubear, comprei uma revisitinha de cada! E o mais legal é que quando fui pagar, o jornaleiro disse: "Ah! Tá com saudades dos desenhos animados que a gente via?" Ao que respondi, sorrindo: "é mesmo, eu assitia todos esses, adorava"... e ele retrucou, animado: "eu também passava horas assistindo esses e outros tantos desenhos na TV"!
Saí de lá satisfeita com minhas aquisições, cheguei em casa, li as duas revistinhas de uma vez, rindo e lembrando que, quando criança, a gente brincava no quintal o dia inteiro, depois tomava banho e ia assistir na TV esses maravilhosos e eternos desenhos animados, criados por William Hanna e Joseph Barbera! Queridos por gerações e gerações!
Ah! Com uma simplicidade genial, essas HQs trouxeram de volta o sorriso da Gi pequenininha, que adorava assistir desenhos animados com Fred, Wilma, Pedrita, Dino, Barney, Betty, Bambam, George, Jane, Judy, Elroy, Astro, Rosie... e outros, como Pernalonga, Patolino, Gaguinho... personagens adoráveis que inundam de alegria nossa memória afetiva! Aplausos para a dupla Hanna/Barbera que nos inspirou na infância e continua nos inspirando! Viva os desenhos animados! Viva as histórias em quadrinhos! :)
sábado, 18 de outubro de 2025
A saga dos primos fofos e aventureiros
Fone Bone, nosso herói, está sempre querendo ajudar, principalmente, Espinho, por quem se encanta, soltando coraçõezinhos toda a vez que conversa com a garota! Phoney Bone é o espertinho que vive aplicando golpes, e Smiley Bone, o mais alegre, sempre sorridente, inclusive, nas situações mais adversas e é tão bom que resolve cuidar de uma ratazana bebê... aff... haja amor... ahahaha...
Ao longo dos três volumes, a criatividade do autor e sua arte minuciosa e vibrante encantam! Só por ser estilo cartum, Bone já me conquistou! Com seus personagens solares e, ao mesmo tempo, destemidos, que enfrentam desafios nos moldes de "O senhor dos anéis", não há como não concordar que ele figura entre os melhores quadrinhos já criados!
Outro detalhe que me animou a querer conferir a saga toda, é um texto assinado pelo autor, publicado no primeiro volume, em que Smith fala de como entrou em contato, em 1986, com a graphic novel "Maus", de Art Spiegelman, passou a frequentar lojas de HQs e descobriu um mundo novo de quadrinistas que escreviam e desenhavam seus próprios personagens. A partir daí, decidiu que o que queria era desenhar Bone (seu personagem criado ainda na infância), ser um quadrinista underground e participar daquela nova e empolgante cena que acabava de conhecer.
quarta-feira, 15 de outubro de 2025
Arte impecável
A HQ é uma fascinante mistura de épico e gótico que, como diz a sinopse, combina a bravura de "Conan, o Bárbaro" com o encantamento de "O Mágico de Oz". Sim, é tudo isso e um pouco mais, porque a narrativa trata ainda de questões humanas, como relacionamento familiar, perdas, inseguranças, temas que despertam o leitor a refletir para além da própria história.
sábado, 11 de outubro de 2025
Inocência feliz
Aproveitando que amanhã é Dia das Crianças e Dia de Nossa Senhora Aparecida, lembrei de uma história engraçada de quando eu tinha sete anos (foto) e fomos à Aparecida pagar uma promessa de minha mãe, que não vem ao caso aqui... mas que, enfim, nos levou a uma viagem bate e volta à Basílica para cortar meus cabelos.
Foi uma correria e quando estávamos todos no carro, minha mãe percebeu que tinha esquecido a tesoura e mandou que eu, a dona do cabelo a ser cortado, fosse correndo pegar. Mais tarde, chegamos em Aparecida, minha mãe fez uma trança nos meus cabelos em frente à imagem de Nossa Senhora... tudo transcorria conforme o planejado até que ela pediu ao meu irmão que cortasse a trança. Quando pegou a tesoura na sacola, ela levou o maior susto, eu tinha pegado a tesoura de frango... ahahaha... na hora, meu irmão não se segurou e riu e eu, sinceramente, não vi problema nenhum na tesoura vermelha e pouco discreta!
Como minha mãe era muito devota de Nossa Senhora Aparecida e o momento era solene, a bronca só veio depois... e assim mesmo foi suave... ahahaha... afinal, no fim das contas o cabelo havia sido cortado e acredito que, com todo respeito, Nossa Senhora nem deve ter se surpreendido, já conhecia sua pequena devota aqui...rsrsrs...
Ah! Gosto de lembrar da infância, porque por mais dificuldades que tivéssemos, sempre arrumávamos um jeito de rir das situações e é isso que torna as coisas mais fáceis de enfrentar, que nos ajudam a escrever nossas histórias, a criar nossas memórias afetivas e nos tornam mais humanos!
Toda a vez que estou numa situação desconfortável ou passando por um problema qualquer, típico de adultos, lanço mão de minha versão mirim e tudo se resolve, de um jeito ou de outro, a Gi menina/moleca não falha, ela sempre tem a solução pra Gi adulta enfrentar a porra toda... ahahaha...
Essa crônica é uma singela homenagem à beleza de se manter o sorriso infantil e valorizar a criança que temos dentro da gente! Salve Nossa Senhora Aparecida! :)
quarta-feira, 8 de outubro de 2025
Uma obra instigante
"Meio sol amarelo", da escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie, é uma leitura encantadora, ao mesmo tempo, densa e, profundamente, humana. A história se passa na década de 1960, quando a recém-indepentente Nigéria embarca em uma violenta guerra que dividiu o país com a tentativa frustrada de criação da República Independente de Biafra, deixando milhares de mortos.
O mais instigante do livro é que a autora não narra a guerra propriamente dita, mas como as pessoas lidam com o conflito e suas consequências, num embate entre realidade e ideologia. Os personagens são cativantes e cheios de nuances, cada um a seu modo, seguem equilibrando sonhos e angústias. Desde as primeiras páginas, somos convidados a acompanhar a trajetória de Ugwu, Olanna e Richard.
Ugwu é um camponês ingênuo e extremamente leal, que trabalha na casa do revolucionário Odenigbo, professor da Universidade de Nzukka, que vive com Olanna, moça da alta sociedade que, para desespero da família, resolve ser professora universitária. Richard é um jornalista inglês, estudioso da arte local e aspirante a escritor, que se apaixona por Kainene, irmã gêmea de Olanna.
Primeiro livro que leio da autora, considero a obra um banho de realidade e um certeiro exemplo de como é bela a arte da escrita! Aplausos para Chimamanda! Viva as escritoras! :)
sábado, 4 de outubro de 2025
Conversa de flor
– Claro que ficam mais iluminadas... elas recebem mais incidência do Sol!
– Não seja tão prática... gosto do lado romântico da coisa toda!
– Ih! Lá vem a derretida! Por acaso, você não acha a Mãe Natureza linda em todas as estações?
– Não falei isso... sei que cada fase tem seus encantos, mas a Primavera é diferente pra nós flores... você não acha?
– Sei lá! A verdade é que tem flores em qualquer estação.
– Tudo bem, rabugenta! Vamos fazer o seguinte: fique aí com suas opiniões certeiras, que eu prefiro ficar com meu olhar mais atento pras belezas à nossa volta!
– Não precisa falar assim comigo, somos flores irmãs, do mesmo galho. Sei exatamente o que você sente e concordo sobre as belezas... Só fico preocupada com os seres humanos que, muitas vezes, dizem nos amar e, por egoísmo, nos arrancam da vida sem nem um pingo de remorso!
– Sei disso, irmã! Só não quero que se preocupe tanto, afinal, eles acham que dominam tudo mesmo. Só espero que um dia acordem pro fato de serem parte do Planeta e não donos!
– Uhuuuuuu! Gostei de ver a consciência, irmã romântica!
– Ahahaha... deixe de ser realista por alguns instantes e sinta o Astro-rei nos inundando de calor!
– Olha, lá! Tô falando... vem vindo um casalzinho de mãos dadas. Espero que o rapaz não queira ser o herói e nos arrancar do galho só pra agradar a moça!
– Não! Acho que o amor deixa as pessoas mais doces...
– Vou tentar ser menos cética, mas com relação ao ser humano é sempre difícil!
– Vamos apostar! Pra mim, os dois estão tão bem juntos que só há espaço para beleza! E o ato de arrancar flores de seus galhos não me parece nada belo.
– Concordo! Mas vamos apostar o quê?
– Aposto que os dois vão se encantar conosco... branquinhas em meio às folhas verdes, iluminadas pelo Sol...
– Resuma a história... eles estão se aproximando!
– Está bem! Aposto que eles vão nos adorar e até tirar foto com a gente!
– Mania abominável de fotografar tudo o tempo todo! Está bem! Se você ganhar, resolvemos o que fazer depois...
– Combinado!
O casal chega perto da árvore e abre um sorriso! Uau! Que lindas flores! Quando o rapaz estica a mão como se fosse apanhá-las, a moça segura seu braço e dá uma piscada!
– Por favor, não arranque as florzinhas, quero que elas sejam as únicas testemunhas de nosso primeiro beijo!
– Sério?
A moça se aproxima do rapaz e os dois se beijam. Depois, ele saca o celular do bolso, faz várias fotos do casal tendo as flores como moldura e, em seguida, se afastam de mãos dadas.
– Ah! Que lindo! Não disse que nós inspiramos os humanos a serem melhores!
– Não exagere, realmente, esses dois foram legais, mas deve ser porque ainda não estão maduros... ahahaha...
– Não importa, ganhei a aposta, rabugenta!
– Romântica incorrigível!
– Sem enrolar... qual meu prêmio?
– Você já ganhou, irmã! Aliás, ganhamos, tivemos a sorte de encontrar humanos com almas de flor!
– Olha, minha irmãzinha... totalmente sensível!
– Pois é, rabugentas também amam! :)
* A foto que ilustra esta crônica é de minha autoria... um singelo registro em homenagem à Primavera! Salve a estação das flores!
quarta-feira, 1 de outubro de 2025
Sol particular
Nicolas também tinha sido procurado pela incorporadora, mas não cedeu às suas investidas. Em seguida, foi internado e, obviamente, concentrou-se na recuperação da saúde. Não ficou sabendo que os outros proprietários haviam sucumbido.
E agora, o que fazer? Será que o Seu Juca da padaria da esquina e seu Arlindo da farmácia ainda estão por aí? E a praça com suas árvores frondosas, os bancos e as mesinhas para as tardes de dominó?
Ao descer do táxi, diante de tanta mudança em sua rua, Seu Nicolas andou pela calçada, observando a correria por trás da placa "homens trabalhando" em meio a caçambas de entulhos. Olha, aquela parece a janela azul do sobrado do Alípio. Sem conter a emoção, Seu Nicolas se pergunta onde estará seu amigo.
Quando chega à praça, ufa... lá estão as árvores e as mesinhas do dominó, mas está deserta. Decidido, volta para a frente de seu querido sobrado e abre a porta. Menino, seu cachorro, balança o rabo, está amoado no tapete em frente à televisão. Clotilde, bordando na poltrona de leitura, levanta os olhos devagar e abre um sorriso.
– Nicolas! Por que não me ligou pra irmos te buscar?
– Não se preocupe, Clotilde! Estou bem, esse período foi só uma forma que arrumei de descansar e comer comida sem gosto, no caso, pra emagrecer... rsrsrs... Posso te dar um abraço?
– Vem, logo, meu velho! Mas antes faz um cafuné no nosso pequeno...
Menino balança o rabo e se aproxima devagar, como se tivesse medo de machucar o dono.
– Ora, vem cá, pequeno, eu não quebro, pode pular nas minhas pernas!
O cachorrinho lambe as mãos de Nicolas, que abraça Clotilde e assim os três permanecem, por um momento, unidos... como sempre!
– Agora, me conte! Por que não ligou?
– Queria fazer uma surpresa... acabei surpreendido... Onde foram parar as casas dos nossos vizinhos?
– Ah, meu velho! Agora só na nossa memória, mas tudo bem, o importante é que estamos aqui... firmes e fortes... como o Sol! Engraçado, você sempre chamou nosso sobradinho de Sol pra me irritar por causa do amarelo lindo e discreto que escolhi... rsrsrs... Agora, gosto da ideia, nosso Sol vai continuar brilhando!
– Mesmo entre esses edifícios sem charme algum!
– Isso mesmo! Vamos pra cozinha? Você chegou bem na hora do café...
– Cronometrei a alta do hospital pra chegar nessa hora, tô com saudade do cheiro do seu café!
– Ah! Espertinho! Vem, Menino! Veja se ele tem água fresca, meu velho?
– Claro, é pra já! Não se assuste com o barulho da britadeira ao lado, Menino, estamos aqui com você!
– Sempre!
– Firmes e fortes...
– ... como nosso Sol particular! :)
* A ilustração é da querida sobrinha/afilhada/parceira @alikailustra
sábado, 27 de setembro de 2025
Um cachorrinho aventureiro
Desesperado e perdido em meio às plantas do jardim, Rover passa, então, a procurar o tal mago para voltar a ser um cachorro de verdade! A partir daí, ele vive diversas aventuras na Lua, no fundo do mar! Ah... mas o que acontece com ele e por que o título do livro é Roverando, deixo para vocês descobrirem... recomendo a experiência!
Ainda que faça parte de suas obras para crianças e esta escrita para consolar seu filho Michael que havia perdido seu cãozinho de brinquedo, o enredo prende a atenção. Os personagens e cenários são muito bem construídos, nos proporcionando uma história tão envolvente que parece que embarcamos junto a Rover em seu voo com a gaivota Mia, rumo à Lua!
É, certamente, um livro com a marca da qualidade narrativa de Tolkien, que sabe como ninguém criar mundos e sagas com maestria! Pra quem quer uma leitura divertida, leve e emocionante, é uma ótima sugestão! Aplausos à genialidade do pai da literatura fantástica moderna! :)
quarta-feira, 24 de setembro de 2025
Romance e contos queirosianos
A narrativa se passa no final do século XIX, quando Gonçalo começa a escrever uma novela histórica sobre sua família. Aí está a genialidade de Eça de Queirós, que usando a metaliteratura, faz vários paralelos entre a história de Portugual em que vive o autor e a contada pelo fidalgo, além de comparar o protagonista com o próprio País, pois ambos enfrentam desafios e contradições, provocando, em nós leitores, altas reflexões!
Mesmo inseguro e cheio de angústias, o Fidalgo da Torre é generoso, gentil e... amorável... ah... adorei esta palavra! Vou até me permitir usá-la em meus textos... certamente, vai enriquecê-los e seria uma singela homenagem ao Eça!
Voltando à obra, adoro a capacidade do escritor, que além de inspirador, nos oferece uma aula da arte de escrever! Para quem, como eu, adora se aventurar criando histórias, alguns trechos são encantadores, como a frase: "A pena agora, como a espada outrora, edifica reinos..."; e o parágrafo: "E nessa manhã, depois de repicar a sineta no corredor, duas vezes o Bento empurrara a porta da livraria, avisando o Sr. Doutor 'que o almocinho, assim à espera, certamente se estragava'. Mas de sobre a tira de almaço Gonçalo rosnava 'já vou!' - sem desapegar a pena, que corria como quilha leve em água mansa, na pressa amorosa de terminar, antes do almoço, o seu Capítulo I".
Em "Contos", o escritor que deu início ao Realismo na literatura portuguesa, mostra seu domínio também da narrativa curta. A antologia, composta por oito contos, nos apresenta uma galeria de personagens em diversas situações cotidianas. Meu destaque vai para o conto que abre a coletânea "Civilização", que, anos depois, deu origem ao admirável romance "A cidade e as serras", obra sobre a qual abordei em postagem de julho deste ano!
Em resumo, dois exemplos da habilidade do escritor português, um dos meus preferidos ao lado do grande Saramago! Para quem quiser embarcar em histórias bem construídas e personagens "amoráveis", recomendo muito! Viva Eça de Queirós! Salve a Literatura! :)







































