Refeitório de uma grande multinacional, na hora do almoço. Um burburinho permeia as mesas cheias de executivos e demais funcionários. É uma tradição da companhia todos almoçarem juntos no primeiro dia útil do novo ano. A agitação é enorme, mas dois grupos distintos destacam-se entre dezenas espalhados pelo salão.
As mesas em questão estão próximas, mas os dois grupos cochicham, afinal, estão falando do presidente da empresa. Os amigos não ouvem o que os inimigos estão falando e vice-versa. Gastam toda a hora do almoço e a energia falando da vida alheia... e que vida!
Na mesa 1, três executivos, considerados bem próximos do presidente. Aldo, vice-presidente, seu amigo de infância. Abigail, diretora comercial, que já nutriu um certo tesão pelo presidente, mas por motivos que não confessa nem se apanhar, perdeu a vontade de sensualizar e investir no chefe. E Artur, assessor direto da presidência, uma espécie de faz tudo... ou quase tudo.
– Já que estamos descansados e reiniciando os trabalhos, nesta tarde quente de verão... o que você ia contar na festa de confraternização e desistiu, hein, Abigail?
– Nossa! Artur, como você tem uma memória de elefante!
– Bi... não se impressione com ele, eu tenho outras coisas comparáveis a um elefante...
– Aldo! Vamos parar de sacanagem?
– Não!
Artur cai na gargalhada.
– Vocês estão muito salientes hoje, não vou contar nada... nem lembro mais o que ia contar...
– Ah! Nem vem... claro que lembra... você não pode ter esquecido algo que deixou sua cara vermelha como um pimentão!
– Quem tem cara é cavalo, Artur.
– Adoro cavalos... você devia levar isso como um elogio!
– Vamos parar de perder tempo? Conta logo...
Na mesa 2, três executivos que passam os dias num esforço hercúleo para serem simpáticos e solícitos com o mandachuva. Ivo, um dos diretores administrativos, foi preterido em favor de Artur para o cargo de assessor direto do presidente. Na época, chegou a ficar de cama de tão estressado, atualmente, abstraiu a rasteira, mas não engole mais o chefão. Ilda, faz parte do conselho deliberativo, tentou se aproximar do dito cujo, mas foi jogada literalmente para escanteio por Abigail. As duas tiveram uma briga tão grande no banheiro, que até os bombeiros e a defesa civil foram chamados. Agora, faz seu trabalho sem a menor intenção de se tornar amiga do pivô da bagunça. E Irineu, um dos diretores financeiros, ótimo profissional, mas que adora fazer piada pra tudo. Por ser muito desbocado e não medir as palavras, nunca conseguiu conquistar a amizade do presidente, nem mesmo um convite para um drink no final do expediente, coisa que até o segurança já conseguiu. Resultado: sente um ranço imenso do indivíduo, mas tenta administrar a situação, porque preza por seu salário.
– Começo de ano é sempre um calor do caramba e um esforço enorme pra voltar a ter convivência pacífica ou, pelo menos, civilizada no ambiente de trabalho!
– Além de aguentar suas piadinhas, né, Irineu?
– Lá vem a mais perfeita tradução do mau-humor em pessoa, né, Ilda?
– Dá pra parar? Ou vocês dois não querem saber o que eu tenho pra contar em primeira mão?
– Ivo, já falei pra você pleitear um lugar em sites ou programas de fofoca, você tem o maior jeito pra coisa!
– Tudo bem... não está mais aqui quem falou!
– Está sim! Pode começar a contar, Ivo!
– Concordo, Ildinha! Deixa de bobagem e faça valer a pena a volta ao trabalho, grande Ivo!
– Não sei se devo...
De volta à mesa 1.
– Será que é uma boa ideia contar coisas tão íntimas pra vocês dois?
– Como assim, Abigail?
– Esta é a pergunta, Aldo! Como assim, Abigail?
– Que chatice vocês dois, hein!
– Mas espera aí... na festa de confraternização você ia começar a contar...
– Eu ia contar, porque eu tava bêbada... mas ainda tinha um pouquinho de vergonha na cara!
– Artur, você foi o escolhido pra ouvir o que ela tinha pra contar, não lembra de nada?
– Ah! Aldo... só lembro que fiquei curioso pra saber o que tinha deixado a Bi tão incomodada!
– Mas você disse que ela começou a contar...
– Ela só disse: preciso contar uma coisa... aí começou a ficar vermelha, depois engasgou com a bebida e começou a chorar, dizendo que não tinha esse direito!
– Mas a coisa é mais séria do que eu pensava!
– Para, Artur!
– Mas por que você não tinha esse direito? Somos amigos há quantos anos?
– Menos do que você conhece o presidente!
– Por que agora ela tá falando do presidente, Aldo?
Os dois se entreolham estarrecidos!
– Essa tal coisa íntima é sobre o presidente desta empresa?
Abigail olha para o prato e começa a comer, em silêncio.
– Eu não acredito que você não vai nos contar!
– Claro que vai...
– Não tem nada claro aqui, Artur!
– Ah! Mas não tem mesmo... inclusive, parece que tem uma tempestade chegando...
– Também não precisa exagerar... e depois o amigo de infância aqui é você... não desconfia o que pode ser, Aldo?
– Claro que não! Sou amigo, não amante dele!
Abigail solta o garfo no prato e quase grita.
– Quem é amante de quem aqui?
– Ahahaha... pegou pesado!
– Calma, Bi... eu disse que eu não sei as intimidades dele... mas não disse que você é amante... ou é?
– Cala a boca, Aldo! Tá piorando as coisas...
– É isso mesmo, Artur! Mas no caso, vocês dois estão piorando as coisas... você não tinha nada que lembrar que eu pensei em contar sei lá o que pra você na porra da festa de confraternização!
– Olha o vocabulário!
– Vá se lascar! Vou fazer xixi... quando eu voltar, por favor, mudem de assunto!
De volta à mesa 2.
– Olha, em primeiro lugar, não esperem muito detalhes!
– Ah! Como assim, Ivo?
– Tenho que concordar com o chato do Irineu... você já foi melhor, Ivo!
– Ilda, fique avisada! Eu não vou te defender mais da sanha piadista do Irineu...
– Para de frescura e conta logo! Você tá de papo furado, mas quando conta pra gente é porque foi testemunha ocular...
– Socorro... tenho que concordar com o Irineu de novo...
– É o fim dos tempos... ahahaha...
– Em vez de contar qualquer coisa, acho melhor mudar de mesa!
– Não seja canalha...
– Não seja Irineu... ahahaha... agora eu entendi sua máxima: não posso perder a piada, querido!
– Mal-humorada querendo fazer graça é pior que o Ivo disfarçando que não quer fofocar...
– Cansei... se quiserem que eu conte, vão ter que ficar de boca fechada!
– Ah! Que demais... vamos brincar de vaca amarela?
– Gostou, Ildinha? Vai ter que comer toda...
– Valendo!
Os três ficam em silêncio e aproveitam para comer a sobremesa.
Voltando à mesa 1. Abigail sai do banheiro emburrada.
– Que cara é essa de poucos amigos?
– Resmungando toda irritada logo no começo do ano de trabalho... que horror!
– Em primeiro lugar, Aldo... você está certo, tenho poucos amigos. Aliás, como pude perceber agora há pouco, dois a menos na minha irrisória lista de amizades sinceras. E em segundo lugar, Artur, se você se anima por voltar ao trabalho logo na primeira semana do ano, sua vida social deve se comparar à de uma lesma asmática.
Os dois caem na gargalhada, mas param quando percebem que chamaram a atenção das outras mesas.
– Vamos parar de rir, senão os invejosos vão começar a dizer que o vice-presidente e sua turma são imaturos e irresponsáveis!
– E precisamos de discrição, Aldo. Afinal vamos ouvir uma história cujo enredo envolve a intimidade do presidente!
– O que eu pedi antes de ir aliviar minha bexiga? O que não entenderam na frase: quando eu voltar, por favor, mudem de assunto?
– Ahahaha... aliviar a bexiga é coisa de...
– Não ouse fazer esse tipo de comentário, Artur!
– Tá bom, Bi. Vamos ficar quietos se você contar logo, certo, Artur?
– Claro, Aldo! Por favor, desembucha logo senão daqui a pouco estaremos salpicados de brotoejas pelo corpo inteiro de tanta curiosidade...
– Salpicados de brotoejas? Essa foi...
– ... bem sem graça! Mas vou contar pra vocês pararem de me encher o saco!
Os dois ficam imóveis, com os olhos fixos em Abigail.
– Nossa! Tô me sentindo o dia de estreia da temporada final da série mais esperada do século!
– Desembucha!
– Isso mesmo, Aldo! Mostre sua autoridade!
– Cala a boca, Artur!
– Ahahaha... tomou, puxa-saco! Vamos acabar logo com essa palhaçada! Eu estava me arrumando pra festa de confraternização...
– Ah! Não acredito que aconteceu exatamente no dia da festa de confraternização!
– Não me interrompa!
– Artur... come a sobremesa e deixa a Bi contar!
– Obrigada, Aldinho! Como eu ia dizendo, eu estava terminando de me arrumar, quando alguém bateu na porta da minha sala, como se estivesse precisando de socorro. Quando abri, era o presidente reclamando que eu fechei a porta com a chave, mas dizendo que não queria explicações, precisava de ajuda.
Aldo e Artur se entreolham ressabiados.
– Por favor, preciso interrompê-la só uma vez...
– Fala, Artur...
– Na verdade a minha dúvida diz respeito ao Aldo... por que raios o presidente, seu amigo de infância, não procurou a sua ajuda?
– Sei lá...
– Claro que sabe... você estava em reunião fora da empresa, não podia atender o celular...
– É verdade, Bi! Quando cheguei pra festa, vi que tinham centenas de ligações dele no meu celular, mas quando perguntei, ele disse que já tinha resolvido...
– Os níveis de curiosidade foram atualizados! Conta logo o que você resolveu, Super-Abigail!
– Se vocês pararem de falar, eu conto... e olha que a vontade de deixar esse assunto pra lá é enorme.
– Por favor, Bi!
– Então, o presidente estava com uma cara estranha, aflito. Eu pedi pra ele sentar no sofá... para de me olhar assim, Artur. Fique tranquilo, eu não fiz o teste do sofá nele.
Artur dá um sorriso sem graça e faz um gesto com as mãos pra ela continuar a história. Neste momento, o garçom se aproxima da mesa e, sem pestanejar, é categórico.
– Só digo uma coisa: ele faz... e faz escondido! Sabe por quê? Por causa de gente como vocês, bando de maldosos... mal-amados... e, certamente, mal comidos!
Os três olham surpresos para o garçom, um dos funcionários mais antigos da empresa e, normalmente, o mais discreto.
Voltando à mesa 2.
– Adoro quando vocês me respeitam. O que tenho pra contar é simples e arrebatador. Mas não sei se esse é o lugar apropriado.
– Claro que é.
– Espera, Ildinha! Agora, tô com medo do que pode vir da boca desavergonhada do Ivo.
– Ahahaha... o que pode ser tão impactante? Só se tiver alguma coisa a ver com o rei supremo!
Ivo engasga com o pudim. Os dois se entreolham curiosos.
– O quê? Ilda, você é uma gênia...
– Hoje, é dia de concordar com você, Irineu, sou uma gênia!
– Você percebeu que a tal fofoca indiscreta é sobre o p-r-e-s-i-d-e-n-t-e da nossa querida e idolatrada empresa?
– Nossa, Irineu! Quando você concordou com o fato irrefutável de que sou uma gênia, até perdi a noção da gravidade do que acabamos de ouvir...
– Como vocês são babacas, depois dizem não saber por que perderam os cargos pros amiguinhos do chefe!
– Até parece que você também não se lascou!
– Não vem com esculhambação, Ivo! Aqui não cola, esta é a mesa dos segunda opção eterna... ahahaha...
– Eu engasguei com o pudim! Por acaso, engasgar é sinônimo de confirmar alguma coisa?
– Quem engasga, consente!
– Quem cala, consente, Irineu!
– Vocês querem saber mesmo?
– Que pergunta mais sem necessidade!
– Chega de rodeio, conta logo o que você descobriu do chefe...
– Eu não descobri nada... eu estava terminando o relatório anual... aquele bendito relatório que temos que fazer no último instante antes da confraternização, porque o neurótico do presidente quer saber sempre os dados mais atualizados antes de fechar o ano, quando a figura se aproximou da minha mesa... e perguntou na lata, sem nem dizer boa tarde.
– E desde quando você espera boa tarde de quem só te lasca!
– Por educação, Irineu! Não é porque não somos os preferidos desse cara que ele tem o direito de ser grosseiro.
– Eu nem vou dizer o que eu acho...
– Não diga, Irineu! Eu digo... posso continuar?
Os dois balançam a cabeça em aprovação.
– Pois bem, ele olhou pra mim e disse que precisava muito da minha ajuda...
– Da sua ajuda? Que bizarro!
– Hoje, é realmente um dia atípico, mais uma vez tenho que concordar com o Irineu... que bizarro!
– Bizarro seria se ele pedisse ajuda pra maluca que tentou seduzi-lo no café ou o cara que é um dos únicos funcionários que ele não convidou para o drink de fim de expediente...
– Que falta de delicadeza...
– Tô chocado... mas conta logo, pombas!
– O que ele queria de você, Ivo?
O mesmo garçom que havia se aproximado da mesa 1, lança para os três um olhar compenetrado e, mais uma vez, é enfático.
– Só digo uma coisa: ele faz... e faz escondido! Sabe por quê? Por causa de gente como vocês, bando de maldosos... mal-amados... e, certamente, mal comidos!
Os três olham incrédulos para o sempre discreto garçom, como dito anteriormente, um dos funcionários mais antigos da empresa.
De repente, o refeitório começa a se agitar com o burburinho dos funcionários saindo calmamente após o tradicional almoço de início de ano. Só duas mesas continuam ocupadas.
Na mesa 1, Aldo, Artur e Abigail ainda estão impactados pela fala do garçom intrometido.
– Esse cara estava falando de quem eu estou pensando que ele estava falando?
– Eu também estou pensando em quem você está pensando que esse cara estava falando...
– Sei lá de quem esse cara tava falando e sei menos ainda em quem vocês estão pensando que ele estava falando...
Os dois olham pra Abigail irritados.
– O quê? Vocês acham que esse ele que faz sei lá o que escondido é quem estou pensando agora?
– Bingo!
– Calma, Artur! Eu disse que pensei na hora, porque a gente tava falando exatamente nele quando esse cara resolveu se meter na nossa conversa.
– Você tem certeza que não sabe do que o garçom estava falando, Bi?
– Claro que não...
– Então, aproveita e continua... o presidente sentou no sofá e?
Abigail olha indignada para os dois e levanta da cadeira. Os dois seguem a amiga para fora do refeitório.
– Até hoje eu nem imagino o que ele queria! Ele sentou no sofá e chorou por uma hora...
– Como assim?
– Mas como era esse choro? Desesperado, mas grave? Ou desafinando e soltando penas?
– Ahahaha... Artur, só você pra me fazer rir de uma situação dessa. Mas espera aí, Abigail! Quem é o assessor direto da presidência?
– Ah! Pois é, Aldinho! Mas, ô Artur, você deve saber porque o presidente da empresa que fechou o ano como uma das mais lucrativas da pátria amada tava se desfazendo em lágrimas no sofá da minha sala, mesmo depois de ter me esnobado horrores durante o ano! E aí?
– Eu já disse a vocês que sou só um assessor, meu contato com o presidente é estritamente profissional... gosto dele, mas pra mim sempre pareceu tão seco e bem resolvido que nem imaginava que ele chorasse por qualquer motivo.
– Insensível é você! Fique sabendo que meu amigo de infância era um dos mais humanos da nossa turma, tava sempre querendo ajudar todo mundo.
– Então, deve ter gastado toda a generosidade nessa fase...
– Ahahaha... finalmente, você disse algo que valha minha risada, Artur!
– A Abigail deve ter sido uma daquelas meninas emburradas que criticam até o cabelo das bonecas... ahahaha. Aliás, só me esclareça uma coisa, quando você disse que queria me contar uma coisa na festa de confraternização era isso?
– Eu também tô estranhando, Artur! Contar que o presidente chorou por uma hora no seu sofá... onde está a gravidade nisso?
– Vocês são dose! Não é todo dia que acontece uma coisa dessas comigo, o presidente da empresa ficar chorando por uma hora no meu sofá. Eu estava bêbada na hora que te falei isso, Artur. Fiquei imaginando mil coisas, achei que ele queria se declarar pra mim, sei lá...
– Ahahaha... e deve ter começado a chorar porque tinha percebido a merda que ia fazer?
– Engraçadinho!
– Sabe o que mais me intriga?
– O que, Aldo?
– O que o garçom disse...
Na mesa 2, Ivo, Ilda e Irineu também estão impactados pela fala do tal garçom.
– Em resumo, você vai dizer o que ele queria com você, Ivo?
– Eu não sei...
– Como assim? Você disse que ele foi pedir sua ajuda... pra quê?
– Isso tá ficando cada vez mais estranho, Irineu! Fala agora o que esse crápula queria com você, Ivo! Ele te machucou?
– Espera aí, Ilda! Você tá achando que o rei da cocada preta tentou abusar do Ivo?
– E eu é que sou fofoqueiro... ô cambada de marocas!
– Então, fala logo o que você fez pra ajudar seu mais novo amigo de infância!
– Meu nome é Ivo, não Aldo... nosso vice é que é o amiguinho dele! Eu vou dizer o que aconteceu naquele fim de tarde...
– Então, diz logo!
– Nada!
– Você tá enrolando a gente, é isso? Eu nem senti o sabor do meu pudim preferido pra prestar atenção em sua narrativa emocionante e agora você me diz que não aconteceu nada?
– Eu reluto, mas tenho que dizer, nesse dia épico, que tenho que concordar mais uma vez com o Irineu! Você nos enrolou o almoço todo, agora fala!
– Vou falar... depois de dizer que precisava de minha ajuda, sem ao menos um simpático boa tarde, ele começou a chorar copiosamente. Eu o ajudei a sentar na cadeira em frente à minha mesa e assim fiquei... sei lá... uma hora vendo o presidente chorar!
– E qual a razão desse chororo todo?
– Impossível que você não teve a habilidade mínima pra fazê-lo confessar o motivo do desespero?
– Minha fofoca, como o Irineu adora dizer, era essa! Vocês acham normal o presidente, que mal olha na minha cara o ano inteiro, chorar na minha sala em pleno dia de confraternização? Pra mim é o bastante. Mas querem saber o porquê? Perguntem pra ele... ou pro garçom.
– Nem me fale... vocês também acharam que esse tal ele que faz escondido sabe-se lá o que é quem estou pensando?
– Pra mim, é mais do que claro que o cara que se meteu na nossa conversa deve ter ouvido de quem a gente tava falando e resolveu colocar pimenta nesse angu!
– Você tem razão, Irineu! Eu tenho a mesma percepção... se alguém sabe a razão do choro do excelentíssimo, esse alguém é o garçom...
– Nossa, Ivo! Um cara tão discreto... o que será que ele sabe sobre o presidente?
– Eu sei lá... vai ver o vice não é o único que conhece o presidente há séculos... quem sabe o garçom mais antigo da empresa...
Ilda levanta apressada cochichando para os dois, que a seguem.
– Eu acho tudo muito estranho, mas é melhor a gente não se meter nessa história... vamos fingir que nunca soubemos de pedido de ajuda nenhum, de lágrima nenhuma...
No corredor que leva às salas da diretoria, os seis se encontram e, mais estranho ainda, no momento em que Abigail de um lado e Irineu do outro se perguntam em voz alta para os companheiros que os acompanham.
– Mas o que será que ele faz... e faz escondido?
Quando percebem que falaram a mesma frase, ao mesmo tempo, pigarros enchem o ambiente, seguidos de olhares curiosos de ambos os lados. Em questão de segundos, cada um entra em sua sala, batendo as portas em uníssono. E a única certeza que paira no ar é que ele faz... e faz escondido!
Muito bom, e fica o questionamento: O que será que ele faz escondido?! rs
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